Outra prática comum entre os operadores é o carona nos deslocamentos até o local de trabalho. A grande maioria dos operadores acabam transportando pessoas em cima dos para-lama do trator, em pé nos degraus, nos braços do terceiro ponto, consequentemente a ocorrência de atropelamentos em função de quedas de cima do trator vem aumentado, Figura 14.
Figura 14 – Transporte irregular de pessoas “carona”
Outros operadores acabam levando seus filhos para o local de trabalho e os mesmos andam em cima dos para lamas, pois não há espaço no trator para acomodar as crianças de forma segura.
Figura 15 – Transporte de crianças no trator
O Serviço de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), desde de junho de 2007, coordenados pelo Prof. Dr. Gilberto Cação Pereira, tem feito um levantamento sobre acidentes com tratores na zona rural da região de Botucatu (SP), que foram atendidos no hospital.
O objetivo da pesquisa é analisar algumas características desse tipo de acidente na nossa região, tais como: tipo e mecanismo da lesão, a causa do acidente, qual o treinamento dos operadores que se acidentaram, etc. com o intuito de obter dados que possam auxiliar estudos relacionados à prevenção de acidentes.
Segundo o Prof. Gilberto, 65% desses acidentes aconteceram com o trator, e o mecanismo de maior percentual de acidente foi a tomada de potência, responsável por 51% dos acidentes, 82% dos operadores envolvidos ficou com seqüelas permanentes, além de ficarem em média 45 dias internados no hospital e 85% dos operadores acidentados afirmam que não tiveram nenhum tipo de treinamento ou orientação para a operação com a máquina.
Segundo os próprios operadores o que contribuiu para a ocorrência do acidente foi falta de atenção e conscientização (51%) e falta de treinamento e orientação (25%).
Capotamento, tomada de potência, queda estão entre os tipos de acidentes mais freqüentes e que causam lesões graves ao operador.
A grande maioria dos acidentados, cerca de 78% eram pequenos e médios produtores rurais.
A maioria dos acidentes poderia ser evitada se os operadores tivessem conhecimento do maquinário, conscientização e atenção no momento da operação.
Nos últimos anos o governo federal e estadual tem disponibilizado crédito em linhas de financiamento principalmente a pequenos e médios agricultores, isto é um ponto positivo, possibilitando acesso à tecnologia aos proprietários rurais, mas pouco se tem feito para qualificar os trabalhadores para operação com essas máquinas e isso com certeza irão contribuir para aumentar estas estatísticas.
Nos três últimos meses desse ano, foram noticiados pela mídia 111 acidentes envolvendo maquinas agrícolas desses 85 ocasionaram a morte do operador, de posse de todas as informações que conseguimos compilar até agora podemos afirmar que no Brasil morre-se pelo menos 1 pessoa por dia vitima de acidente com máquina agrícola.
Ações de conscientização e capacitação dessa mão de obra precisam ser feitas além de uma fiscalização mais forte por parte das autoridades num primeiro momento de informação e orientação e depois de punição, pois a situação é preocupante à medida que os registros de acidentes são difíceis de serem obtidos.
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