Dentre as vantagens da irrigação, está aquela que possibilita utilizar esse próprio sistema como meio condutor e distribuidor de produtos químicos, como fertilizantes, simultaneamente com a água de irrigação. Esta prática é conhecida como fertirrigação, a qual é essencial ao manejo de culturas irrigadas, principalmente quando se utiliza irrigação localizada. Em áreas novas de cultivo de videiras há uma tendência para utilização desse sistema de irrigação, principalmente a microaspersão e o gotejamento, os quais normalmente apresentam maior eficiência de aplicação de água em relação aos sistemas por sulcos e aspersão, além de facilitar a aplicação de nutrientes via água de irrigação.
A fertirrigação é uma maneira mais eficiente e econômica de aplicar fertilizantes as plantas. Isso ocorre porque a aplicação desses fertilizantes em menor quantidade por vez, mas com maior freqüência, possibilita manter um nível uniforme de nutrientes no solo, durante o ciclo vegetativo da cultura, o que aumenta a eficiência do uso de nutrientes pelas plantas e, conseqüentemente, a sua maior produtividade (Busato, 2010).
A utilização da fertirrigação oferece inúmeras vantagens em comparação com o método convencional de aplicação de fertilizantes. Entre elas, pode-se destacar a não-compactação do solo e o fim de injúrias mecânicas nas plantas, causadas pela entrada de equipamentos pesados nas áreas de cultivos para promover a adubação pelos métodos tradicionais; menor quantidade de equipamento exigido e menor gasto de energia; a dose de nutrientes pode ser reduzida devido a maior eficiência de aplicação.
Além da influência da irrigação na produção e qualidade dos cachos, o aspecto nutricional da cultura é outro fator de fundamental importância. Dentre os nutrientes, o nitrogênio (N) afeta o crescimento vegetativo da videira, a produção e a qualidade da uva, quer por subdose, quer por excesso. Assim, seu uso deve ser realizado com prudência (Brunetto et al., 2007).
Adubação Nitrogenada
O nitrogênio é um dos nutrientes exigidos em maiores quantidades pela videira. Este elemento é essencial à multiplicação celular o que favorece o crescimento dos órgãos vegetais, sendo necessário desde o início do seu desenvolvimento e durante todo o período de atividade da planta. No entanto, 3/4 do nitrogênio consumido pela videira durante um ciclo de produção ocorre entre o início da brotação e a fase de florescimento.
Assim, a adubação merece atenção especial dos produtores, visto que os gastos com calagem e adubação na Niágara Rosada são responsáveis por 23% do custo de produção (Ghilardi e Maia, 2001) e a produção de frutos é diretamente influenciada pelo estado nutricional das plantas. Análises de solo e folhas são técnicas que contribuem para a aplicação balanceada de nutrientes mediante a adubação. Além desses aspectos, o conhecimento do acúmulo de nutrientes pelos cachos também é importante para a racionalização da adubação.
Atualmente, no Estado do Espírito Santo, o Manual de Recomendação de Calagem e Adubação (Dadalto e Fullin, 2001) indica a dose de N para a cultura da videira a partir da expectativa de produtividade e recomenda a aplicação parcelada durante o ciclo vegetativo-produtivo das plantas. Nesse sentido, a fertirrigação adquire uma importância muito grande, principalmente no cultivo de videira em regiões tropicais e de clima semi-árido, nas quais são obtidas até 2,5 safras de uva por ano.
Visando-se estudar o real efeito da adubação nitrogenada sobre a produção da uva, realizaram-se pesquisas, onde se avaliou três doses de nitrogênio, aplicadas via fertirrigação, sobre a qualidade da uva Niágara Rosada no Município de Colatina, ES. Para isso, foi conduzido um experimento de campo, em uma área do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES Campus Itapina, com a cultivar de uva Niágara Rosada no sistema de latada, com espaçamento 3,0 m entre plantas e 2,0 m entre linhas, no período de 15 de maio a 06 de outubro de 2009, em uma área de 480 m2. As plantas foram irrigadas por meio do sistema de irrigação localizada com emissor Microjet (Figura 1). O modelo de microjet utilizado na pesquisa é comumente utilizado pelos irrigantes no Estado do Espírito Santo. Apresenta vazão nominal de 14 L.h-1, à pressão de 1,0 Kgf.cm-2.
Figura 1 – Vista do parreiral e do emissor Microjet utilizado na fertirrigação.
Foram avaliadas três doses de nitrogênio, aplicadas via fertirrigação: 35, 70 e 140 g.planta-1. Utilizou-se uréia (45% de N) como fonte de nitrogênio. A recomendação de adubação do nitrogênio (N) foi parcelada em três aplicações:
10 dias após o início da brotação (ramo com aproximadamente 30 cm) foram aplicados 50% da recomendação do N em cada parcela;
Na fase de abertura das flores (aproximadamente 30 dias após o início da brotação) foram aplicados 25% de recomendação do N em cada parcela;
Na fase de frutos do tamanho de caroço de feijão foram aplicados os 25% restantes de cada parcela;
As fertirrigações com os demais nutrientes foram realizadas conforme as necessidades da cultura e o resultado da análise de solo, de acordo com a fase fenológica. Assim, a recomendação da necessidade de potássio foi parcelada em duas aplicações: 30 dias após a poda aplicou-se 50% da recomendação e o restante foi fornecido juntamente com a última adubação nitrogenada. Utilizou-se o adubo cloreto de potássio como fonte do nutriente.
A adubação de fósforo ao solo foi realizada com o adubo superfosfato simples, dividida em duas aplicações. A primeira realizada 10 dias antes da poda e a outra 30 dias após. A adubação com micronutrientes foi realizada apenas para o boro e zinco, nas quantidades de 2,5 kg.ha-1 de cada nutriente, utilizando-se bórax e sulfato de zinco, respectivamente, com fonte desses micronutrientes. A adubação foi realizada logo após a poda.
Todos os fertilizantes,
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