A evolução recente da agricultura trouxe consigo o aumento marcante das produtividades das explorações. Assim, a produtividade de milho, por exemplo, passou de 50 sacos/ha para 200 sacos/ha, enquanto que na pecuária leiteira os índices aumentaram em torno de 300%, aproximadamente. Obviamente, avanços deste porte não se fazem sem uma adequada tecnologia de produção, via de regra, com o aporte de altas quantidades de insumos. Entretanto, três outros componentes caminham paralelamente a esse modelo de desenvolvimento: o econômico, o ambiental e o risco, esse último sempre muito presente na agricultura.
Quaisquer insumos que cumpram o objetivo fim e que ao mesmo tempo atendam às necessidades de economicidade e probidade ambiental, podem, teoricamente, ser usados.
Nesse sentido diversas fontes se apresentam como viáveis, algumas naturais, outras, produtos de processos industriais. No Planalto Norte Catarinense pode-se citar como fontes disponíveis, entre outras, os dejetos animais, desde que adequadamente manejados, os pós de rochas e os resíduos das indústrias de produção de celulose e papel.
A Estação Experimental da Epagri,de Canoinhas, tem se dedicado ao estudo do uso de diversos insumos alternativos, visando contribuir para o adequado uso desses produtos, já que são frutos de alguns mecanismos do desenvolvimento regional, e se faz necessário, portanto, a reciclagem desses resíduos para atender os preceitos ambientais indispensáveis, podendo-se, concomitantemente, viabilizar diminuição de custos de produção agrícola e o desenvolvimento endógeno regional. Vê-se, portanto, que a integração de diferentes setores da produção regional é de extrema importância, se propomos a sociedade regional um desenvolvimento sustentável.
A cinza calcítica é um desses produtos. Possuí ação como neutralizador da acidez do solo, além de aportar boas quantidades de diversos elementos químicos com função importante na nutrição das plantas. Pela disponibilidade na região, os custos com que pode chegar às propriedades é relativamente baixo.
A pergunta: “Mas ambientalmente não é perigoso?” Não, se usado com os critérios técnicos de uso e manejo do solo, atualmente, disponíveis e recomendados. Resultados de cinco anos de pesquisa a campo não comprovaram nenhum acúmulo de metais pesados, ou desbalanço das relações entre nutrientes mais comuns no solo, e nem apresentaram teores nos tecidos e grãos das plantas anuais cultivadas, acima dos padrões normais. Cumpre-se reforçar, entretanto, que o assessoramento técnico por técnicos da área são fundamentais para o adequado uso desse insumo regional, já disponibilizado e cientificamente avaliado.
Finalmente, cumpre observar que para o cumprimento das premissas aqui apresentadas, cada vez mais se torna fundamental o exercício de uma agricultura centrada na valorização da integração entre os fatores químicos, físicos e, sobretudo, biológicos do solo.
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