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A bovinocultura de corte brasileira merece destaque na economia nacional e assumiu em 2003 a posição de liderança no mercado mundial de carnes. O País possui hoje o maior rebanho comercial do mundo e é o segundo maior produtor mundial de carne bovina. Diversos fatores foram determinantes para a conquista dessa liderança no comercio internacional da carne bovina, entre eles as ações desenvolvidas em prol da erradicação da febre aftosa com conseqüente melhoria da percepção de qualidade do nosso produto pelos países importadores e a constatação da produção de alimento seguro, uma vez que a maior parte do nosso rebanho é alimentada a pasto. Além disso a oferta de carne bovina de alta qualidade, em volumes crescentes e a preços competitivos são sem dúvida vantagens do produto brasileiro.

O surgimento de doenças como a encefalopatia espongiforme bovina (BSE), ou doença da “vaca louca” na Europa e America do Norte alertou o setor agropecuário brasileiro para a “produção de alimentos seguros”. Além das questões de biossegurança, a globalização dos mercados impôs uma reestruturação do setor produtivo brasileiro pautada na eficiência sob o risco de fracasso do empreendimento agrícola. A competitividade tornou-se elemento fundamental para o setor pecuário e, com ela, surgiu à necessidade de se disponibilizar, para o mercado consumidor, produtos de qualidade, sem risco para saúde humana e com preço acessível. A inserção efetiva do Brasil no mercado internacional depende, portanto, da oferta de alimentos seguros provenientes de cadeias produtivas economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas.

Visando atender essas demandas do mercado nacional e internacional, a Embrapa Gado de Corte desenvolveu um protocolo de boas práticas de produção para ser implantado nas propriedades rurais das principais regiões produtoras de carne do país. Este protocolo, denominado “Boas Práticas Agropecuárias – Bovinos de Corte” (BPA), foi lançado oficialmente pela Embrapa e Ministério da Agricultura e Pecuária e demais entidades ligadas à cadeia produtiva da carne bovina em 2005 para Mato Grosso do Sul e em 2007 para as demais regiões do Brasil. O conjunto de procedimentos que compõe o Programa de Boas Práticas Agropecuárias (BPA) tem por objetivo conscientizar e orientar os produtores rurais para que produzam alimentos seguros provenientes de sistemas de produção sustentáveis. A implantação voluntária das Boas Práticas Agropecuárias (BPA) irá, também, possibilitar a identificação e o controle dos diversos fatores que influenciam o processo produtivo, tornando-o mais rentável e competitivo. Para que essas metas possam ser atingidas a Embrapa vem formalizando acordos de cooperação técnica com associações de produtores, indústrias de insumos e demais entidades ligadas a cadeia produtiva da carne bovina, a fim de promover a capacitação de técnicos e produtores nas principais regiões produtoras do país. Com a recente aprovação da Portaria Interministerial PRÓ-BPA no 36, esse programa ganhou mais visibilidade e o reconhecimento oficial dos Ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e do Trabalho e Emprego e deverá promover a inclusão das BPAs nas propriedades rurais das diversas cadeias pecuárias do país.

Em resumo, o Programa de Boas Práticas Agropecuárias visa o aumento da rentabilidade e a melhoria da competitividade dos sistemas produtivos, e assegura a oferta de alimentos seguros ao mercado consumidor, provenientes de sistemas de produção que respeitam o meio ambiente e o bem estar dos animais. A inserção definitiva das carnes brasileiras na economia mundial e seu fortalecimento no mercado interno vão depender da assimilação desses conceitos pelos diferentes elos da cadeia produtiva e da sua agilidade em atender, em tempo hábil, essas novas demandas. Se aplicada corretamente, a implantação das Boas Práticas Agropecuárias, além de útil, deverá representar um passo importante para se obter o controle efetivo da qualidade e da certificação do produto final. Boas Práticas Agropecuárias: bom para o produtor e consumidor e melhor ainda para o Brasil. 

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