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Kamila Pitombeira
15/03/2011
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O míldio, principal doença que ataca a plantação da uva Niágara Rosada, é combatido através da calda bordalesa, rica em sulfato de cobre, que provoca a diminuição da produtividade do solo. Para evitar esse problema, a Embrapa Uva e Vinho desenvolveu um modelo de produção orgânica da uva, que descarta o uso da calda e investe em adubação orgânica e cobertura das plantas. O projeto é desenvolvido em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
De acordo com o pesquisador da Embrapa George Wellington Melo, a produção orgânica de uva na região faz muito uso da “Calda bordalesa” para a prevenção do míldio. Ele afirma que isso tem aumentado o teor de cobre no solo e, como conseqüência, diminuído a produtividade.
– A grande quantidade de cobre no solo afeta as plantas de cobertura e pode acarretar problemas de contaminação de água subterrânea. Além disso, o cobre, como metal pesado, é precursor de várias doenças – afirma o pesquisador.
George conta que o trabalho com a Niágara Rosada começou em 2003 e partiu do princípio de que era preciso diminuir a quantidade de cobre aplicado no solo. Com isso, a Embrapa começou a trabalhar o solo e fazer a cobertura das plantas.
– Só utilizamos plantas de cobertura, como gramíneas e leguminosas, além da adubação orgânica. Contra a doença, fizemos a cobertura das plantas. Como o míldio precisa de água para se desenvolver, sem o molhamento da folha, conseguimos evitar o uso da calda bordalesa – explica George.
Melo diz ainda que esse tipo de produção gera um produto mais saudável, já que não utiliza nenhum tipo de agrotóxico. Além disso, não contamina o solo com o cobre e diminui o risco de problemas de erosão, pois o solo permanece sempre coberto.
Já a produtividade é alta. Segundo o pesquisador, somente nesse ano, a produtividade da região foi de 42 toneladas por hectare, número superior ao da produtividade de cultivos tradicionais e do sistema orgânico.
– Como no cultivo orgânico o produtor não consegue conviver bem com as principais doenças da região, principalmente o míldio, isso afeta muito a produtividade. Chega a diminuir mais de 50 por cento em relação à convencional. Portanto, esse sistema evita essas perdas causadas pelas doenças – diz George.
Wellington ressalta que, ao adotar a prática, o primeiro cuidado por parte do produtor deve ser com o solo. Deve-se trabalhar o solo sempre coberto, evitar que haja degradação da matéria orgânica e utilizar compostos orgânicos de boa origem. Além disso, deve-se ainda utilizar plásticos para a cobertura das plantas, investimento que gira em torno de 40 a 45 mil reais por hectare.
– Esses plásticos duram de sete a oito anos. Portanto, o produtor dilui o custo em oito anos e deixa de usar qualquer agroquímico. Isso é bom para o produtor e para o consumidor – conclui o pesquisador.
Para mais informações sobre a produção orgânica da Niágara Rosada, basta entrar em contato com a Embrapa Uva e Vinho através do número (54) 3455-8000.
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