Chega a ser enfadonho repetir ano após ano a mesma cantilena. O governo deixa o mercado abandonado no mês de Janeiro, exatamente na época que o produtor decide se vai ou não plantar a segunda safra. O resultado é que, em um ano com todas as outras commodities valorizadas e com o feijão sendo vendido por R$ 40 a saca de 60k, o produtor irá reduzir substancialmente a área de plantio da segunda safra.
Neste momento finalmente depois que os produtores chegaram a doar feijão à população, o governo federal anuncia a compra de cerca de 500 mil sacas nos três estados do Sul. Isto deve beneficiar um grupo de 5 mil produtores. O efeito do anúncio fez com que o mercado já apresentasse uma melhora sensível na comercialização à partir do início deste mês de Fevereiro.
Os fatores que levaram a desvalorização do feijão em Janeiro já não estão mais presentes. No primeiro mês do ano, o varejo realiza o balanço no mês de Janeiro, os compradores e donos de pequenas redes saem de férias, bem como a população em geral sai do ritmo com as férias escolares. Soma-se a isto o calor que reduz o apetite por alimentos mais pesados.
Com todos estes elementos deixando de atuar e, até mesmo, com a perspectiva de diminuição do calor a partir do fim de Fevereiro, somada a entrada do governo, há perspectiva de preços acima do valor do preço mínimo. Mas há também o risco que volte a acontecer exatamente o que ocorreu no ano passado, quando houve desestímulo também durante a primeira safra e depois, ainda, estiagem. Isso ocasionou a super valorização durante o segundo semestre quando o feijão ultrapassou os R$ 200,00 por saca de 60 k.
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