A cultura do milho vem apresentando grandes avanços tecnológicos nesses últimos anos. Até meados da década de 90, as melhores propriedades alcançavam médias entre 7.500 a 8.000 kg/ha e, mesmo assim, estavam concentradas em poucos agricultores. Apesar da baixa produtividade média no Brasil, hoje ao redor de 3.700 kg/ha, em inúmeras regiões existem propriedades que apresentam médias acima de 10.000 kg/ha. Também já não é mais uma exceção encontrar lavouras com produtividades entre 12.000 e 14.000 kg/ha em muitas regiões e por inúmeros agricultores brasileiros.
Com o objetivo de mostrar essa nova realidade brasileira, procurou-se analisar em 9 estados brasileiros (RS, SC, PR, MS, SP, MG, GO, BA e DF), por meio de amostragem envolvendo 108 locais, a correlação existente entre a produtividade e as práticas de manejo adotadas.
A amostra representada por 108 locais totalizou uma área plantada com milho de 47.250 hectares. Todas as áreas obtiveram médias de produtividade acima de 9.600 kg/ha, sendo que a média geral foi de 11.532 kg/ha.
A genética e os programas de melhoramento
A genética representada pela semente guarda a maior fonte de tecnologia. Atualmente a semente é o maior veículo de tecnologia. Nela está contido um conjunto de características agronômicas que permitem que os agricultores alcancem ilimitados índices de produtividade em boa parte do território brasileiro. Assim, a capacidade de adaptação às diferentes regiões, tipos de solo, níveis de fertilidade, época de plantio, altitude, tolerância às doenças e às pragas, além de outras características, estão diretamente ligadas à genética. Para os próximos anos, essa importância ganhará ainda maior significado devido à biotecnologia e uso de marcadores moleculares que incorporarão características ainda mais específicas.
No gráfico 1 é possível observar a produtividade média dos agricultores amostrados. Os índices apresentados exemplificam claramente os atuais potenciais genéticos dos híbridos existentes no mercado.
O ambiente e suas variações
Fatores como disponibilidade de água, nutrientes, luz e temperatura são fundamentais para que o potencial genético se expresse ao máximo. Porém, a maioria dessas condições foge ao nosso controle. Apesar das melhorias nas previsões climáticas, ainda é difícil conhecer com precisão a sua frequência, intensidade, localização, época e duração.
Fato similar ocorre quanto às diferentes altitudes. As áreas de cultivo de milho no Brasil variam entre 50 até mais de 1.000 metros de altitude. Durante muito tempo, pensou-se ser apenas possível obter altas produtividades em elevadas altitudes, ou seja, acima de 700 metros. Mas, não é o que mostram os dados e análises feitas nessas propriedades. Veja o gráfico 2.
Atualmente, os híbridos modernos, mais “tropicalizados”, combinados com determinadas práticas de manejo permitem que a produtividade se aproxime ao máximo das obtidas em ambientes de maior altitude, onde a taxa respiratória é menor e, consequentemente, uma maior quantidade de açúcares formados no processo de fotossíntese é transformado e armazenado nos grãos.
Sistemas de produção: a importância das práticas de manejo
A adoção de adequadas práticas de manejo só faz sentido quando planejadas e integradas dentro de um sistema de produção.
Alguns destes sistemas adotados há vários anos e em crescente nível de adoção foram: a rotação de culturas, o plantio de híbridos com diferentes características agronômicas como ciclo, por exemplo, mas, principalmente, as melhorias das condições físicas e químicas do solo, onde o plantio direto tem papel fundamental.
Veja no gráfico 3 o percentual de adoção do sistema de plantio direto entre os produtores pesquisados. Isso reforça a importância do trabalho planejado com sistemas.
Redução do espaçamento
A redução do espaçamento traz para a cultura do milho significativos benefícios, principalmente quando combinado com outras práticas como aumento da população e nível de adubação.
Em função de uma melhor distribuição espacial, as plantas de uma lavoura conseguem utilizar de maneira mais eficiente os recursos luz, água e nutrientes, resultando em plantas com maior capacidade produtiva.
Observe, nos gráficos 4 e 5, como está distribuído o uso do espaçamento entre os agricultores estudados e as respectivas produtividades, correlacionando-as com o espaçamento utilizado.
População de plantas
Graças aos programas de melhoramento, foi possível desenvolver híbridos mais responsivos ao aumento de população. A adoção desta prática está diretamente ligada ao posicionamento dos híbridos e ao nível tecnológico adotado dentro de uma região.
Veja nos gráficos 6 e 7 como está distribuída, atualmente, a população de plantas entre os agricultores estudados e as respectivas produtividades correlacionando-as com a população de plantas utilizada.
Adubação nitrogenada
Também dentro deste estudo foi levantada a quantidade e os resultados alcançados com as diferentes doses utilizadas. O gráfico 8 mostra os diferentes níveis de nitrogênio total, incluindo plantio e cobertura aplicada pelos agricultores amostrados.
Analisando os dados do gráfico 9 e comparando com os níveis aplicados anos atrás, quando poucos agricultores chegavam a aplicar 100 kg de nitrogênio por hectare, em média, observa-se que houve grande aumento na aplicação nitrogenada no Brasil, onde combina
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