A sempre aguardada safra das águas ou a primeira safra do ano tem trazido preocupação para diversos elos da cadeia produtiva. As condições climáticas foram adversas, por conta do La Niña, retardando o plantio e concentrando após as chuvas de outubro. Agora tem chovido muito e com noites frias a antracnose, bem como o mofo branco, encareceram as lavouras que puderam ser tratadas. Grandes áreas não puderam, devido a seqüência de dias chuvosos, efetuar as aplicações recomendadas. Assim, o impacto desta situação ocorre da seguinte maneira:
Produtores – Ainda que tenha havido quebra, o Pará tem uma safra prevista ao redor de 500 mil T de feijão dos quais cerca de 25% foi colhido e cerca de 18% comercializado. Ocorrem vendas abaixo do preço mínimo. Obviamente, se há quebra de produtividade houve também encarecimento do custo. Como o governo demora muito a reagir existe o preço mínimo, mas já se antecipou que o volume de recursos não deverá ser suficiente para AGF e que pode haver PEP. Na verdade, em resumo, o produtor da região Sul mais uma vez sai prejudicado ao vender o feijão preto por R$ 60 e o carioca por R$ 65.
Consumidor – Pagar preço baixo agora na gôndola significa que em algum momento, talvez ainda no primeiro semestre, volte a pagar novamente preços altos acima de R$ 4 por kg. Certamente fato de relevante importância é que as oscilações “espantam” o consumidor e a médio prazo a tendência de queda de consumo se acentua.
Governo – A imagem do governo vai ficando desgastada, afinal, promete e não cumpre o preço mínimo e corre sério risco de ver o feijão como vilão da inflação novamente este ano. Assim, uma vez que o plantio foi tardio, a colheita também ocorrerá tardiamente e pior do que isso: concentrada. Ainda que os números finais da safra das águas sejam menores do que o ora previsto, a concentração da colheita em uma mesma época (no fim de Janeiro e início de Fevereiro) forçará o mercado para baixo. Ocorre que neste momento os produtores tomam a decisão de plantar ou não a segunda safra e com os preços excelentes da soja e do milho poucos irão plantar feijão para a colheita da segunda safra.
Vendedores de sementes veem o tempo passando e seus estoques seguem intocados. Este sintoma aponta também para uma área menor a ser plantada do que a do ano passado.
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