Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), o Brasil é o local que tem mais água e terra à disposição para agricultura no mundo. O fato de sermos privilegiados nestes aspectos não nos dá o direito de desperdiçarmos insumos, ainda mais sabendo que daqui a 40 anos, precisaremos quase que dobrar a produção de alimentos e bioenergia. Assim, temos um desafio muito grande. Na agricultura, a tecnologia de informação ainda não chegou como nas indústrias. Estamos 10-20 anos defasados. Em quantas fazendas, hoje, temos uma infraestrutura de TI (tecnologias de informação) funcionando? Onde os dados coletados pelas máquinas, realmente, têm algum proveito real levando a estratégias de aumento de produtividade visíveis? O mapa de produtividade não foi feito para ser apenas ilustrativo e servir de quadro enfeitando a sala de visitas.
Devido à grande variabilidade de fatores que afeta a produção agrícola (pragas, clima, solo, etc.) e a dificuldade em correlacionar a produtividade com estes fatores, somos tentados a sermos empíricos, muitas vezes ignorando tecnologias mais avançadas de monitoramento e controle por não conseguirmos quantificar o ganho real dos mesmos. Desta forma, ficamos “na mão” dos vendedores de diversas empresas de insumos e equipamentos e acabamos decidindo mais pelo poder de persuasão do vendedor do que pelo fato de entendermos o porquê da necessidade. Compramos máquinas que geram dados sofisticados e não sabemos o que fazer com elas ou, simplesmente, compramos equipamentos mais simples que fazem o serviço do jeito que sabemos que funciona, desperdiçando tempo, insumos e produtividade. Uma economia de 1% em 10 mil hectares são 100 hectares a mais, mas acredito que temos espaço de ganhos de produtividade de 5-20% na maioria das fazendas, mesmo nas grandes.
Temos de mudar isto. A agricultura de precisão é composta por um sistema de gerenciamento agrícola que utiliza: TIs, sistemas de navegação por satélite (GPS), sistemas de gerenciamento geográfico (GIS), sistemas de sensoriamento remoto, gerenciamento de dados e telecomunicações. Tudo isto para utilizar, num campo que não é uniforme, no tempo e local corretos, a quantidade certa de nutrientes,
água, sementes, pesticidas e energia.
Portanto, nossas fazendas precisam se transformar em verdadeiras empresas, onde tudo é (1) monitorado (através de sensores dos mais diversos tipos como produtividade, clima, solo, pragas, etc.), depois (2) os dados gerados por estes sensores precisam ser analisados de forma consistente e profunda por especialistas da área que se utilizam de (3) sistemas de suporte a decisão muita vezes online para, finalmente, (4) aplicar este conhecimento através de máquinas equipadas no campo (veja ilustração).
É muito difícil, ou praticamente impossível, o manejo em grandes extensões de áreas problemáticas infestadas por pragas com as tecnologias e métodos atuais de detecção e análise. Desta forma, urge a necessidade do desenvolvimento de formas efetivas e sustentáveis para a prática do manejo destas áreas com incrementos tecnológicos e de processos viáveis para as grandes áreas cultivadas. Minha sugestão é de que o agricultor comece a organizar sua fazenda, iniciando seu interesse por técnicas de gerenciamento de informação (o que monitorar e por que), técnicas de monitoramento em campo para entender a preciosidade que se encontram nas informações, mesmo se ainda não conseguir tirar muito proveito das mesmas. Em breve, teremos profissionais capacitados para trabalhar com estas ferramentas e, acredito que o investimento num profissional qualificado se paga logo.
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