A energia é base para a vida, desde o início, a bilhões de anos a energia joga papel fundamental na ordem das coisas. Não seria exagero afirmar que o homem existe hoje da forma como é devido às “energias” disponíveis aos seres vivos, desde a energia utilizada pela primeira Célula Procarionte para se reproduzir até aquela utilizada pelo Homem de Neandertal para se aquecer no inverno.
O homem sempre utilizou energia, mesmo sem saber, mas pode-se dizer que a utilização consciente da energia pelo homem ocorreu pela primeira vez, quando este aprendeu a dominar o fogo, a aproximadamente um milhão de anos atrás. Desde então o “consumo” de energia pelo homem só tem aumentado. Tessmer (2010) fez um levantamento da utilização de energia ao longo da eras em função do setor, Figura 1.
Figura 1. Utilização de energia pelo homem (TESSMER, 2010), adaptação do autor.
Pela Figura 1 pode-se notar que em certas épocas se utilizava mais energia em um determinado setor do que em outro, e com o decorrer da história houve mudanças entre os setores mais “sedentos” por energia, por questões sociais, técnicas e econômicas. Mas uma coisa não mudou: o crescimento exponencial da utilização de energia. Não é à toa que em qualquer reunião entre nações, ricas ou pobres, este tema seja sempre assunto em pauta, pois a energia disponível ao homem é limitada, e mais limitada ainda é a eficiência em sua utilização. Sem falar das questões intrinsecamente ambientais e sociais que a energia é recorrente.
O setor agrícola não se furta de uma crescente voracidade por energia. Tanto é que junto à indústria perfaz a maior parcela na evolução histórica apresentada por Tessmer (2010). No entanto a partir da revolução industrial a agricultura foi perdendo espaço para a indústria e outros setores em relação à utilização de energia, atualmente a utilização de energia no Brasil por setores é apresentada na Figura 2 (EPE-MME, 2010b).
Figura 2. Utilização de energia no Brasil por setor, EPE-MME (2010b).
Em termos de unidades de energia, a agricultura brasileira, consome em torno de 9.500.000 toneladas equivalentes de petróleo (EPE-MME, 2010a). Patusco (1998) descreve que o fator de conversão teórico entre tep e MWh, considerando a primeira lei da termodinâmica, é de 0,08 tep/MWh, portanto a título de comparação, a energia utilizada pela agricultura no Brasil é equivalente a 118 milhões de MWh, ou seja, mais do que toda a energia gerada pela Usina Hidrelétrica de Itaipu (94 milhões de MWh), a segunda maior hidrelétrica do mundo, e que é responsável por 20% de toda a energia elétrica consumida em nosso país.
Embora a agricultura brasileira seja uma grande fornecedora de energia através da produção dos componentes da agroenergia, ela tem sua matriz de consumo não muito “renovável”, Figura 3 (EPE-MME, 2010b).
Figura 3. Utilização de energia pela agricultura (EPE-MME, 2010b).
Eis uma tremenda contradição!! O que explica esta distorção? Motivos econômicos, técnicos ou políticos? Esta pergunta será o tema de meu próximo artigo. Mas se algum leitor quiser me ajudar, faça um comentário. Feliz Natal e próspero Ano Novo.
Bibliografia:
Empresa de Pesquisas Energéticas do Ministério de Minas e Energia (EPE-MME, 2010a). Balanço Energético Nacional. Disponível em: https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioFinal2010.aspx, acessado em 10/12/2010.
Empresa de Pesquisas Energéticas do Ministério de Minas e Energia (EPE-MME, 2010b). Balanço Energético Nacional. Disponível em: https://ben.epe.gov.br/BENResultadosPreliminares2010.aspx, acessado em 10/12/2010.
PATUSCO, J. A. M. (1998). Eletricidade no balanço energético nacional. Disponível em: http://ecen.com/eee11/eletrben.htm, acessado em 10/12/2010.
TESSMER, H. (2010) Uma síntese histórica da evolução do consumo de energia pelo homem. Disponível em: http://www.liberato.com.br/upload/arquivos/0131010716090416.pdf, acessado em 10/12/2010.
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