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De vilão da inflação a vilão do produtor. Assim tem sido para o mercado de feijão. Oscilações que fazem o grão valer R$54 e, sem maiores avisos valer R$240 como neste ano.  Estas oscilações abruptas tem ocorrido em intervalos de tempo menores na década de 2000 tendo episódios fortíssimos entre 2007 e 2010.

Novamente em 2011 podemos afirmar com mínima chance de erro que no final de Janeiro e início de Fevereiro teremos que enfrentar o resultado do efeito manada agora contra os produtores.

Com o atraso no plantio todo feijão foi plantado não a partir de Julho, como normalmente, mas de 20 de outubro em diante. Todo o feijão que era esperado para fim de Outubro, Novembro, Dezembro e Janeiro será colhido em um momento só. Fruto de uma miopia histórica, a pesquisa se concentra em aumentar a produtividade quando deveríamos estar trabalhando em grãos armazenáveis. O feijão carioca é uma leguminosa com comportamento de verdura, e folhosa ainda por cima. Alface quando passa do melhor momento de consumo e murcha ainda pode ser utilizado para alimentar a criação em geral. Já para o feijão carioca, não se encontra utilização no volume que se estocou nos últimos dois anos, por exemplo. Assim o Ministério da Agricultura vive um dilema se não faz o AGF -  que é direito do produtor -  desampara a produção e é responsabilizado pelo risco de desabastecimento. Por outro lado, agora tem em mãos milhares de toneladas.  Esse fejão foi doado mas não encontrou consumidores no mundo afora. Com o comportamento do mercado no próximo ano, novamente, por não fazermos nada diferente, vamos enfrentar os mesmos problemas.

O que se poderia fazer para criar válvulas de escape? Fazer parcerias com a iniciativa privada. O instrumento já existe: o PEP. Outro modo seria mudar por decreto a lei do preço mínimo e o gestor público declarar, no mês de Junho, que adquirira determinada quantidade através do contrato de opção. Isto permitiria que o produtor soubesse de antemão o que exatamente poderia esperar do governo. Saberia que se o mercado não atingisse determinado valor - que deveria ser estudado para cada safra - teria oportunidade de entregar ao governo tal volume.  Estes mecanismos aliados à diminuição do custo Brasil poderiam ser somados ao desenvolvimento de novos mercados mundo a fora para a comercialização das leguminosas, em geral. Só para exemplificar,  importamos todos os anos todo grão de bico que consumimos. Somente recentemente temos produzido o amendoim que precisamos. Para isto tivemos heróis que incentivaram o plantio do amendoim runner que, segundo alguns, jamais teria consumidores no Brasil por ser maior e desbotado. Resultado: passamos a ser exportadores eventuais e caminhamos para sermos importantes players em um futuro próximo. Importamos também o fradinho de olho preto. Importamos ainda o feijão preto. Por quê? Por falta de direcionamento, de gerenciamento. Em um país celeiro do mundo  como o Brasil, poderíamos estar exportando.

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