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Sendo o fósforo o elemento mais utilizado em misturas minerais e por conseqüência, o maior responsável pelo preço desses suplementos, volta e meia assistimos ao lançamento de “novas opções” de Fósforo para uso na alimentação animal como se fossem a salvação da lavoura, ou como se fossem a ultima novidade em tecnologia voltada para o campo.
Estas “novas opções” normalmente estão acompanhadas de um pacote de soluções mirabolantes que incluem, por exemplo, argumentos como “a salvação do pequeno produtor”, “a luta pelo barateamento do sal mineral”, ou então “a solução definitiva para o problema da deficiência de Fósforo dos nossos rebanhos”.
Para os menos avisados e desprovidos de conhecimento técnico, tais argumentos podem agir como premissas para liberar e propagar a utilização de fontes de Fósforo não tradicionais em nossa pecuária, como fosfato de rocha, o superfosfato triplo, entre outros fosfatos agricolas. Lembrando o leitor que o fosfato de rocha nada mais é do que a rocha fosfática bruta meramente moída e ensacada e que, portanto, não sofreu nenhum tipo de tratamento químico com o objetivo de purificá-la e/ou de torná-la mais biodiponível aos animais.
Na verdade, as fontes não tradicionais de Fósforo para uso na alimentação animal e que voltaram a ser chamadas de “novas fontes”, não são tão novas assim, pois esse assunto já vem sendo discutido no mundo há pelo menos quatro décadas. O que precisamos verdadeiramente saber é se elas são tecnicamente viáveis ou não, e nesta hora, devemos refletir com total imparcialidade e focados em aspectos técnicos, de produtividade e segurança alimentar
Os aspectos a serem considerados na hora da escolha da fonte de fósforo para uso na alimentação animal são, resumidamente, os seguintes:
1.Custo de fósforo biologicamente ativo na fonte:
Em uma analise técnica criteriosa, faz-se necessário considerar não apenas o preço por kg da fonte de Fósforo, ou do suplemento mineral, mas também o valor biológico do Fósforo contido na fonte, isto é, o quanto de Fósforo será efetivamente disponibilizado para o animal. Este é um aspecto muito importante, e revela o clássico exemplo onde o barato sai caro. Ou seja, no momento de formular um suplemento mineral, aquele que analisar meramente o preço da fonte de Fósforo sem levar em conta o valor biológico ativo do Fósforo contido nesta fonte, estará cometendo um erro técnico primário que poderá comprometer a correta mineralização, simplesmente com base na alegação unilateral de “barateamento do sal”.
2.Nível de biodisponibilidade do fósforo na fonte;
Quanto mais biodiponível o Fósforo contido na fonte, maior o aproveitamento deste por parte do organismo do animal, sendo o contrario também verdadeiro. Formular suplementos minerais com fontes de Fósforo de baixo nível de biodisponibilidade, não representa uma correta suplementação mineral, em função da baixa taxa de absorção e retenção do Fósforo contido nessas fontes. É preciso deixar claro que suplementos minerais formulados com fontes de Fósforo de baixa biodisponibilidade expõem os animais às deficiências minerais, com conseqüentes quedas na produtividade.
3. Nível de flúor na fonte;
Elevados teores de Flúor na fonte de Fósforo, podem ocasionar intoxicação por flúor, denominada de fluorose que trás uma serie de ações negativas sobre a bioquímica do organismo animal. Os efeitos negativos da fluorose são irreversíveis, o que desperta uma grande preocupação na produção animal, em especial na bovinocultura pelo fato de os bovinos serem os animais domésticos de maior sensibilidade à toxicidade do Flúor. Entre os sintomas de intoxicação por Flúor incluem-se anomalias dentárias (manchas, desgaste acelerado, destruição do esmalte dos dentes, quebra e queda dos dentes), manqueiras, calos ósseos nas arcadas costais, fraturas e diminuição do consumo de alimentos. Portanto, deve-se analisar com muito critério técnico o nível de flúor contido na fonte de Fósforo. A AAFCO – Association of American Officials Publication, 2004 estabelece que todas as fontes de Fósforo para a alimentação animal devem conter no Maximo 1 % de flúor em relação ao teor de Fósforo, o que equivale a uma relação Fósforo / Flúor de no mínimo 100 / 1.
4.Palatabilidade da fonte para os animais.
A questão da palatabilidade está diretamente relacionada ao aspecto prático da suplementação mineral. Na bovinocultura, em especial a de corte, os suplementos minerais são fornecidos ad libitum, isto é, à vontade aos animais, por meio de cochos estrategicamente posicionados nas pastagens. Neste caso, o uso de fontes de Fósforo não palatáveis e/ou que empedram e inviabilizam o consumo do suplemento por parte dos animais, devem ser evitados para não comprometer a suplementação mineral de qualidade e a produtividade animal.
A presença de certos metais indesejáveis nas fontes alternativas de fósforo também deve ser avaliada com muito critério para não prejudicar nem o desempenho nem a saúde animal. Nas analises técnicas mencionadas acima citamos apenas o caso do flúor, mas outros metais indesejáveis, como cádmio e vanádio, chumbo e arsênico também devem ter seu uso evitado na alimentação animal. O uso das fontes alternativas de Fósforo pode ser uma via de contaminação de metais pesados, como demonstra estudos realizados na Universidade Estadual de Londrina – UEL, 2003, que encontrou níveis elevados de Vanádio e Cádmio em amostras de fosfato de rocha e superfosfato triplo.
Dentro deste contexto, a fonte de Fósforo mundialmente reconhecida como sendo de alto valor biológico e livre de impurezas continua sendo o fosfato bicalcico. Seu uso na alimentação animal é capaz de proporcionar uma relação custo / beneficio positiva, gerando lucros para o produtor rural em função, basicamente, do aumento da produção animal e do estado de saúde dos rebanhos.
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