Na pecuária de corte no Brasil, ainda não é muito usual o recurso da adubação das pastagens. A alegação é que custa muito - mas é possível fazer usos racional desse insumo e obter a melhor relação custo-benefício na produção de forragens para o gado.
A primeira recomendação é que, antes de comprar calcário e fertilizantes químico, o produtor faça a análise do solo. Ela indica a condição do solo em termos de acidez e de carência de nutrientes e micronutrientes. Com base no resultado, o produtor aplica somente o de que a planta precisa para produzir com abundância.
E se não tiver dinheiro para corrigir as deficências do solo em relação a todos os elementos ? Nesse acaso, o produtor deve eleger as prioridades, concentrando os recursos na compra e aplicação dos insumos chave. Ou seja, na aquisição de elementos dos quais os outros dependem para agir no solo.
Nessa escala de valores os dois produtos essenciais são o calcário, em primeiro lugar, e o fósforo em segundo. Os solos da maioria das fazendas brasileiras são ácidos e apresentam grandes deficiências de fósforo.
Calagem, Prioritária - E se o dinheiro der para comprar somente calcário?
Não se preocupe: gaste com esse insumo. Não é desperdício, ao contrário. Corrigindo - se a acidez do solo, a produção da pastagem melhora. É que a calagem não corrige comente a acidez, ela eleva a saturação de base, melhorando as condições do solo para que as plantas absorvam os poucos nutrientes naturais nele existentes.
Em solo ácido e com baixa saturação de base, não adianta aplicar fósforo, potássio e nitrogênio. Aí sim, é jogar dinheiro fora. Sem a aplicação do calcário, as gramíneas não vão ter as condições ideais para absorver esses elementos, fósforo incluído.
Se depois de corrigir a acidez sobrar algum dinheiro, o produtor deve priorizar a compra do fósforo. O capim formado em solo com carência de fósforo responde moderadamente à aplicação de potássio e nitrôgenio e outros micronutrientes.
Se o dinheiro não for suficiente para o fosfatar todas as pastagens, o pecuarista deve dar prioridade às áreas formadas com as gramíneas mais exigentes em fertilidade do solo, como tanzânia, mombaça, xaraés, ruzizienses, tifton, cost cross e elefante. Se ainda sobrar dinheiro, pode aplicar em pastagens com gramíneas medianamente exigentes, como Marandú, Mg4, Piatã, a braquiária humidicola, variedade lhanera, massai, aruana etc.; e por último, braquiária decumbens e o andropogon. Além de melhor resposta em termos de produção, as gramíneas mais exigentes se degradam mais rapidamente em condições inadequadas de fertilidade do solo.
Fontes Diferentes Outra forma de racionalizar os investimentos em fosfatagem é a escolha correta da fotne de fósforo, conforme o tipo de solo. Em pastagens formadas em solo argiloso, aplica-se uma fonte de fósforo de alta solubilidade como super-fosfato simples, ou MAP (fosfáto monoamônia). Para solo muito arenoso, recomenda-se uma fonte de fósforo de baixa solubilização, como is Reativos, Arad e Termofosfato. No mercado, há uma mistura dos dois tipos - alta e baixa solubilidade - para áreas de terra mista, nem excessivamente argiloso nem arenoso.
Normalmente, recomendado o de baixa solubilidade. É que, na maioria das situações, o pecuarista não precisa de uma resposta rápida do campim e pode, assmi aguardar por uma liberação mais lenta do fósforo, deixando o efeito residual por mais tempo. Outra vantagem em se usar essa fonte é que ela permite recuperar os níveis de fósforo de forma parcelada, diluindo-se os investimentos. Fazendo a fosfatagem a intervalos de três ou mais anos, por exemplo, o produtor pode investir em mais áreas de pastagens, melhorando gradativamente a sua capacidade de suporte.
Não adianta acelerar a melhoria da capacidade de suporte das pastagens se não houver dinheiro para ampliar o rebanho. É desperdício de recursos: o excendente de produção forrageira não consumido pelo gado vai passar do ponto e se deteriorar. O produtor não deve se esquecer de que as plantas retiram os nutrientes do solo. Por essa razão, é preciso fazer a reposição, especialmente nos projetos de manejo intensivo. Para se ter uma idéia, um bovino de 450 Kg extrai em média 4,5 Kg de fósforo por ano das pastagens. Esse fósforo não volta naturalmente por meio de esterco e da urina. Uma parte é exportada do solo na forma de carne e couro, ossos, etc.
Por: Wagner Pires (Consultor Wolf Seeds esp. em pastagens)
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