Ao longo do tempo o homem tem procurado repensar as ações que realiza de modo a buscar novos conceitos e fazer as coisas de forma mais sustentável. Na agricultura isto não é diferente, uma vez que nas últimas décadas novos sistemas de produção têm sido propostos, tais como: cultivo mínimo, plantio direto, manejo integrado de pragas, manejo integrado de doenças, manejo ecológico, agricultura orgânica, agricultura ecológica, produção integrada, agricultura de precisão, dentre outros.
Nestes sistemas a agricultura de precisão (AP) traz um apelo de sustentabilidade bastante forte, uma vez que possibilita a realização da agricultura considerando as variações espaciais e temporais dos fatores de produção. Isto se traduz na utilização dos recursos de produção nos locais e momentos adequados às necessidades do processo produtivo, com aplicação dos insumos a taxas variáveis. Assim, vislumbram-se alguns indicativos de sustentabilidade social, ambiental e econômica, a saber:
- os insumos são aplicados no devido local e momento correto causando menores impactos ambientais do que a aplicação generalizada destes na área de produção;
- há menores gastos com insumos racionalizando o uso das fontes não-renováveis;
- gastando menos insumos há economia destes, o que implica diretamente em um menor custo de produção;
- ocorre valorização das pessoas envolvidas devido ao conhecimento necessário para o aparato tecnológico utilizado;
- o processo produtivo passa a ser melhor controlado, levando a uma melhor gestão deste pelo uso da informação e, consequentemente, maior capacidade de decisão sobre as etapas do processo.
Para tanto, a agricultura de precisão se apóia a um aparato tecnológico envolvendo sistemas GNSS (Sistemas Globais de Navegação por Satélite), máquinas hidráulicas e/ou pneumáticas, controladores eletrônicos, computadores de bordo, programas de computador, sensores, etc., que possibilitam a coleta de dados georeferenciados, análise e interpretação destes, aplicação dos insumos a taxas variáveis e colheitas monitoradas.
Vale destacar que, embora haja um grande aporte tecnológico no sistema da AP, este não suprime o conhecimento do processo produtivo pelo técnico, pois toda tecnologia executará aquilo que for determinado pelas análises e interpretações do especialista do campo. Este será o real executor do processo inserindo, transferindo e corrigindo informações para todo o funcionamento da maquinaria da AP, ou seja, não executando apenas simples comandos, mas realizando toda uma análise crítica das informações, dos dados, da geoestatística, para a elaboração de recomendações técnicas corretas para o processo produtivo. Portanto, há a necessidade de investimento na formação de especialistas em Agricultura de Precisão.
Carlos Eduardo de Mendonça Otoboni, Eng. Agr., Dr.
Professor e Coordenador do curso de Mecanização em Agricultura de Precisão
Faculdade de Tecnologia de Marília – Campus Pompéia
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