O significado da alta dos preços do feijão certamente pode ir muito além do que imaginamos. O que, aparentemente, é ótimo para o produtor neste momento, custa muito caro a longo prazo.
Agora, o Ministério da Saúde está preocupado com a diminuição do consumo de feijão que vem sendo detectado nos últimos anos. Óbvio que o preço alto poderá desestimular o consumo na medida em que é, na realidade, um estímulo ao consumo de outros produtos com preços mais interessantes. Massas, carnes, lanches rápidos empurram o consumidor para o caminho a praticidade a preço baixo e roubam a saúde. Como precisamos encontrar culpados fica fácil dizer que é o governo, mas, na realidade, todos nós que fazemos parte desta cadeia produtiva somos culpados.
O feijão propicia adrenalina para quem planta e comercializa justamente pela possibilidade de especular e ter ganhos que podem de longe superar as loucuras do mercado financeiro. Porém a realidade é que este lado dos ganhos interessantes ofusca os longos períodos de preços baixos que, muitas vezes, enfrentamos e que arrastam os produtores para situações de prejuízos, acumulando dívidas impagáveis.
O equilíbrio na verdade estaria, hoje, ao redor de R$ 100 por saco para que produtores e consumidores pudessem viabilizar produção e consumo. Como conseguir isto se o feijão carioca, principalmente, é uma leguminosa com comportamento de verdura? Colheu, vendeu ou, se guardou, perde cor e muitas vezes preço. O governo federal comprou feijão por R$ 80 guardou, conservou e tenta vender agora por R$ 72 e, ainda assim, não acha comprador, pois perdeu a cor.
Qual a saída? Continuo defendendo o carioca até que haja argumento ou defendo que devemos produzir feijões que quando sobram possam ser exportados, e quando faltam podem ser importados?
Salvo haver uma ideia melhor, esta opção é a mais racional. Esta estratégia lentamente vai deixando de fazer parte do discurso e começa a ganhar espaço nas lavouras.
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