A compostagem é um processo biológico, aeróbico, e exotérmico, ou seja, depende da atividade de microorganismos espontâneos, precisa de oxigênio para ocorrer e gerar calor. Logo, pode-se dizer que a compostagem é fortemente dependente de controle das condições ambientais para que essa ocorra de forma mais rápida e eficiente possível, permitindo a transformação dos resíduos orgânicos em húmus.
Cuidar de um composto é como cuidar de um animal. Devemos manter a umidade sempre adequada, fornecer constantemente oxigênio por meio do revolvimento das pilhas ou pela injeção de ar por meio de compressores, e devemos monitorar a temperatura do composto para verificar se o processo está seguindo corretamente. Dependendo da escala de produção da qual estamos falando, existem diferentes estratégias para a compostagem. Em seguida faremos um protocolo para a produção de composto orgânico em uma escala equivalente a uma granja de frangos de corte de 25.000 frangos, com uma produção anual de cama de aviário em torno de 700 toneladas.
O primeiro passo consiste em escolher adequadamente o material que será utilizado para a formação de cama. Se o objetivo é o aproveitamento agrícola desse material, então se deve procurar um material que apresente fácil biodegradaçao e seja isento de contaminantes. Entre as camas mais utilizadas na região de Rio Verde (GO), a palhada de braquiária e o bagacilho de cana de açúcar são as que apresentam os melhores resultados na compostagem. Por outro lado, camas compostas por serragem, maravalha e casca de arroz não
resultam em composta de boa qualidade em função da alta recalcitrância desses materiais.
A escolha do material para compostagem segue o mesmo principio da alimentação de ruminantes, pois se trata de um equilíbrio entre volumoso e concentrado. A palhada que compõe a cama é o volumoso enquanto que as fezes das aves representam o concentrado. Após cada lote de aves a cama vai se enriquecendo em fezes e consequentemente reduzindo sua relação entre carbono e nitrogênio (relação C/N). O ideal, sempre que possível, é que se utilizem entre três e quatro lotes de aves, o que resulta em uma cama de relação C/N adequada à compostagem. Camas que receberam mais do que quatro lotes de aves tendem a apresentar elevado teor de No que favorece a perda desse nutriente por volatilização.
Uma vez terminado o último lote de aves, a cama deve ser recolhida e empilhada em um local plano de piso impermeável, formando uma leira de dois metros de altura por três metros de base e comprimento variável. Ao escolher o local para a compostagem devemos considerar que no caso de excesso de umidade, o composto produz um liquido escuro, rico em matéria orgânica, chamado chorume, que se for drenado para um lago ou para um curso d ' água pode causar problemas ambientais. Logo, o pátio de compostagem deve ser cercado
por uma vala de drenagem que permita a captação e armazenamento do chorume em um pequeno reservatório. Esse líquido por sua vez poderá ser utilizado na própria compostagem como veremos adiante.
Uma vez montada a pilha, essa deve ser constantemente revirada com o auxilio de um trator com lâmina frontal, que fará a inversão do material, jogando para baixo a parte externa do composto e cobrindo-a com a porção interna, já em decomposição. Esse reviramento pode ser de dois em dois dias no início do processo, mas se puder ser diário, o processo será acelerado. Para uma pilha de 80 toneladas o tempo médio de revolvimeto é de 40 minutos.
A umidade .do composto deve ser sempre avaliada e quando o composto apresentar baixa umidade, este deverá ser Irrigado no momento do revolvimento. Para a irrigação do composto pode-se utilizar o próprio chorume armazenado na caixa de coleta.Isso garante uma constante reinoculaçao das leiras e acelera o
processo. Quando o composto apresenta baixa umidade o processo pára, o que pode ser percebido pela rápida reduçao na temperatura Interna.
A primeira fase da compostagem é chamada fase termofílica, pois nessa etapa o composto pode apresentar temperaturas superiores a 80 oC. Essas elevadas temperaturas são importantes para uma pasteurização do material e eliminação de organismos patogênicos. Entretanto, essa temperatura é prejudicial aos organismos humidificadores que trabalham a uma faixa de temperatura próxima à temperatura ambiente.
Após a fase termofílica, que pode durar de 30 a 60 dias, dependendo da frequência de revolvimento da pilha e do controle de umidade, a pilha começa paulatinamente a reduzir a temperatura até atingir a temperatura ambiente. Nessa etapa o reviramento das leiras pode ser reduzido para um reviramento a cada cinco dias. É nessa fase que o material começa a entrar em processo de humificação e em poucos dias pode-se perceber o aspecto coloidal da massa, que dissolve entre os dedos, dando um aspecto de graxa e odor agradável de
terra. O odor é um importante indicador do processo de compostagem uma vez que odores desagradáveis estão relacionados a processos anaeróbicos, ou seja, faltou oxigênio na compostagem, provavelmente devido à falta de revolvimento.
Após cerca de 90 a 120 dias, o composto estará estabilizado e pronto para seu uso agrícola. Observa-se que durante a compostagem ocorre uma perda de carbono e redução significativa no volume de material em relação à leira inicial. Essa redução de volume pode ser de mais de 50% do volume original da leira. Se o produtor não precisar de imediato do composto orgânico, o material estabilizado pode ser empilhado em uma única pilha aonde ficará em processo de maturação por prazo indeterminado, não sendo mais necessário seu revolvimento nessa fase.
O composto de cama de aviário apresenta inúmeras vantagens em relação ao material não compostado, uma vez que apresenta maior concentração de substâncias húmicas, apresenta grande parte do nitrogênio na forma orgânica e, portanto, protegido contra as perdas por volatilização, e apresenta ainda uma composição microbiológica mais adequada ao seu uso como fertilizante, causando menor impacto ambiental ao solo do que a cama original.
No caso do seu uso em pastagens, as principais vantagens estão relacionadas à questão microbiológica e ao controle de patógenos, uma vez que a compostagem permite a "pasteurização" do material e a eliminação de microorganismos patogênicos e ovos de parasitas. O composto é fonte de nitrogênio, além de outros macro e microelementos, e promove o aumento da produção de matéria seca e teor de proteína da pastagem, de
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