Nos últimos anos, a população da Stomoxys calcitrans, conhecida popularmente como Mosca-do-estábulo, tem aumentado exponencialmente em algumas regiões do Brasil. Isso se deve à resistência desses insetos aos produtos químicos, à falta de manejo das áreas florestais, bem como à oferta de substratos orgânicos (principalmente vegetal) e aos altos índices pluviométricos registrados em algumas épocas do ano.
A adoção do corte mecanizado da cana-de-açúcar sem queima, assim como a incorporação da vinhaça junto ao solo, como uma prática de fertilização das áreas de plantio e a palha do café nos cafezais tem gerado condições propícias para a reprodução e estabelecimento dos altos índices populacionais da mosca.
Comportamento e biologia
A mosca-do-estábulo tem aproximadamente o mesmo tamanho e aparência geral de uma mosca doméstica (Musca doméstica).
O que as diferenciam é o hábito alimentar, pois a Mosca-do-estábulo é hematófaga (picador-sugador), alimenta-se do sangue de seus hospedeiros (bovinos, equinos, suínos, cães e até o homem) de uma a duas vezes por dia.
Geralmente é encontrada nas vizinhanças de estábulos ou áreas de pastoreio; podendo também ser encontrada alimentando-se em animais em outras situações confinadas. (CLARENCE, 1997).
O dano infligido aos animais é causado pela picada dolorosa e também pela perda de sangue: a irritação e o estresse levam os animais a se tornarem menos eficientes na conversão alimentar, causando queda na produção de leite e carne.
A procriação se dá em matéria orgânica (vegetal e fezes de equinos) em decomposição, onde os ovos, larvas e pupas podem ser encontrados.
O ciclo de vida no campo pode ser completado de 2 a 3 semanas e os adultos podem viver de 3 a 4 semanas ou mais.
Transmissão de doenças
Além dos prejuízos causados pela queda da produção de leite e carne, sua influência também se estende à transmissão de doenças tanto nos animais como no homem.
Pelos hábitos hematófagos, podem atuar como veiculadoras (transportadoras) de parasitas sanguíneos, como a anemia infecciosa equina.
Podem também ser um vetor mecânico do carbúnculo ou do mal das cadeiras e é um hospedeiro intermediário de Habronema microstoma, um nematóideo parasita de cavalos (CLARENCE, 1991).
Controle
A medida mais importante no seu controle é a higiene, com a remoção de resíduos alimentares dos cochos, currais e estábulos. Restos de culturas, plantas daninhas, gramas cortadas, entre outros, não devem ser acumulados em pilhas, pois a fermentação transforma-os em importantes focos de criação.
Quando isto não for possível, será necessário o uso de inseticidas químicos registrados para o inseto como medida paliativa, aplicando-os nos locais onde as moscas pousam, o que é insuficiente e insustentável em curto prazo pela operação, custo e desenvolvimento de resistência, dos insetos a esses produtos.
A mosca-do-estábulo é difícil de controlar através da aplicação de inseticidas nos animais, já que elas geralmente alimentam-se apenas uma ou duas vezes por dia, por curtos períodos.
Uma ferramenta que pode minimizar o problema é a utilização de um larvicida seletivo, como a ciromazina pulverizada nos focos de criação (onde forem encontradas as larvas). Claro que vai depender do tamanho desse foco, para que seja viável economicamente.
Podemos minimizar os problemas causados pela mosca-do-estábulo fazendo uma boa higiene nos cochos, currais e qualquer outro local que tenha matéria orgânica, principalmente vegetal em decomposição.
Referências consultadas
MARI, A.I., Utilização dos fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae para o controle de muscídeos em estábulos na região de Blumenau – SC. Dissertação de mestrado, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2006.
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