Acabamos de passar por um dos piores períodos de estiagem dos últimos anos, no qual as queimadas devastaram pastagens, áreas agrícolas, em especial, as cultivadas sob o Sistema Plantio Direto (SPD), matas ciliares, reservas biológicas e indígenas, com destaque para os incêndios no Parque Nacional de Brasília e no Parque Nacional das Emas, localizados na região do Cerrado, onde a seca foi mais prolongada.
Em poucos instantes, o fogo descontrolado avançou sobre a vegetação ressequida, inclusive sobre as matas ciliares, destruindo toda a proteção do solo, eliminando plantas e causando a morte de animais silvestres que habitam os campos.
É preciso agir de forma efetiva contra esta tragédia que é fruto do descaso, da omissão, da irresponsabilidade e da ignorância de vários atores envolvidos nas suas causas e proliferação. Diz a sabedoria popular que é melhor prevenir do que remediar. No caso das queimadas a prevenção é sempre o melhor remédio, pois além de custar muito menos é muito mais fácil de ser adotada.
Medidas simples como a limpeza e queima controlada nas áreas de foco de incêndios como áreas de domínios das ferrovias, das rodovias pavimentadas federais, estaduais e municipais e das estradas vicinais podem evitar o surgimento de focos de incêndio de grandes proporções.
Esta queima deve ser realizada no final do período chuvoso, com a assistência de brigadas anti-incêndios, de forma a permitir a queima rápida da massa seca e a rebrota da vegetação, que serve de barreira para novos focos.
Os aceiros também são medidas simples e de alta eficiência. Eles também devem ser feitos no final do período chuvoso, quando as operações de limpeza da área são mais fáceis.
Normalmente é realizada a eliminação da vegetação de uma faixa marginal da área a ser protegida (canavial, pastagem, floresta, SPD, ILP, ILPF, reservas etc.), que poder ser feita através de capina, aração, gradagem e roçagem, desde que a massa seca ou palhada seja eliminada.
Nas reservas biológicas o uso controlado do fogo pode ser uma alternativa importante para a queima programada anual ou bianual de parte da área visando diminuir a massa seca e, portanto, o risco de incêndios que possam atingir a área total. Ela também deve ser realizada no final do período chuvoso (abril/maio), onde seus impactos são reduzidos e proporciona uma área de refúgio para a fauna em caso de incêndios.
No campo, o controle das queimadas precisa ser planejado e deve envolver todos os produtores de uma região. Dever ser constituída uma brigada anti-incêndio contando com monitoramento permanente no período crítico (seca), por meio da construção de torre de observação e sistema de alarme, que avise o surgimento de focos (fumaça); equipada com abafadores, máscaras, luvas, macacão, botas de couro, capacetes, pulverizadores costais, facão, foices, enxadas, trator com grade e lâmina, carro pipa etc.
Uma medida que pode surtir efeito no combate às queimadas é o uso do contra-fogo, isto é, provocar a queima da massa seca no sentido contrário do deslocamento das chamas, utilizando-se o lancha-chama ou uma vara com um chumaço de pano ou estopa em bebido em diesel.
Após o controle da queimada é fundamental fazer monitoramento da área atingida para eliminar o ressurgimento de focos em troncos de árvores, tocos, estrume seco etc.
Sabendo que a prevenção é a medida mais eficaz contra as queimadas vale salientar a importância das campanhas massivas e continuadas de educação ambiental, de âmbito federal, estadual e municipal, envolvendo todos os agentes e atores.
Poderiam ser criados alguns incentivos para as propriedades com programas de prevenção às queimadas e sem registro de ocorrência como, por exemplo, a redução do ITR e do Funrural ou até mesmo um ICMS ecológico ou verde, com redução de alíquota.
Visando cumprir o compromisso voluntário do Governo Federal, assumido na COP 15, de redução da emissão dos GEE em 39%, até 2020, cabe às nossas autoridades, às nossas lideranças, aos nossos produtores e à toda sociedade buscar formas de reduzir as queimadas, que além de causar grandes prejuízos financeiros, ambientais e sociais, mancha a imagem do nosso País.
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