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Ascom Embrapa Trigo
04/10/2010
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O inverno relativamente seco e a primavera com baixa umidade e boa luminosidade estão favorecendo as lavouras de cevada no Brasil. No total, o país conta com cerca de 80 mil hectares semeados, com a expectativa de altos rendimentos na cultura. A colheita já começou em São Paulo e deve iniciar em meados de outubro na Região Sul, onde está 97% da área.
A cevada, como os demais cereais de inverno, é dependente das condições climáticas, sendo a chuva na época da colheita o maior problema. Nas últimas três safras, a cevada brasileira atingiu bom rendimento, mas baixa qualidade, boa parte da safra não atingiu os padrões exigidos na indústria cervejeira. Em 2009, metade das 150 mil toneladas colhidas foi destinada à alimentação animal, com preços até 20% abaixo da cotação do milho.
Nesta safra, o clima está trazendo bons resultados na colheita paulista. O rendimento da cevada irrigada com a cultivar BRS Sampa está com média de 5 mil kg/ha. O rendimento e a qualidade supreendeu produtores de São Paulo que devem dobrar a área de 2 mil hectares para o próximo ano.
Na Região Sul, a colheita da cevada começa em meados de outubro e a expectativa é colher média de pelo menos 3 mil kg/ha. No Paraná, que conta com 45 mil hectares, a seca que atingiu a cevada em agosto, fase de formação do potencial de produção, pode comprometer um pouco o rendimento, além de problemas com doenças como ferrugem da folha e oídio, que exigiram, em alguns casos, três aplicações de fungicidas para o controle. No Rio Grande do Sul (30 mil ha) e em Santa Catarina (3 mil ha), o oídio apareceu cedo, resultado da abundância de orvalho, seguido de dia ensolarado. O oídio prejudica o desenvolvimento das raízes e pode diminuir o número de espigas, mas é facilmente controlado com uma aplicação de fungicida. Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, o cuidado a partir de agora é com manchas foliares, principalmente a mancha marrom e a giberela que podem ser favorecidas pela elevação da temperatura acompanhada de umidade. "A aplicação preventiva de fungicidas indicados pode ajudar a evitar maiores danos por essas doenças" avalia Minella, alertando que algumas doenças do trigo não atacam a cevada, como a bacteriose, que tem assustado triticultores, mas ainda não foi registrada na cevada.
Pelas condições atuais, a produção 2010 está estimada em 250 mil toneladas, com 71% da área plantada com cultivares da Embrapa, principalmente BRS Cauê, BRS Elis, BRS Sampa e BRS 195. "Ainda é cedo para avaliar a qualidade da safra, mas considerando as previsões climáticas favoráveis podemos esperar uma colheita farta", conclui Euclydes Minella.
Dicas para a colheita
A cevada produzida no Brasil tem como principal destino a transformação em malte, mas para servir à indústria os grãos devem apresentar algumas características que estão relacionadas diretamente à colheita, como umidade, poder germinativo e classificação comercial. Para evitar perdas a colheita deve acontecer em dias secos, evitando as primeiras horas da manhã. A umidade dos grãos deve preferencialmente ficar abaixo de 15%. A máquina colhedora deve estar bem regulada para que não se percam grãos retidos na espiga, quebra de grãos ou descascamento. O ciclo mais curto da cevada permite a colheita antes dos demais cereais de inverno, otimizando máquinas e mão-de-obra e permitindo a semeadura da safra de verão também mais cedo. O “afofamento do solo” pela cevada é outro atributo com reflexo no desempenho da cultura de verão.
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