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     16/09/2024            
 
 
    

Ser agricultor nos trópicos e sub-trópicos requer muito mais do que somente extrair da terra alimentos para a população, matérias-primas para a agroindústria, e excedentes exportáveis para aumentar os saldos da balança de pagamentos. Trata-se de usar modernas tecnologias especialmente desenvolvidas para os trópicos e assegurar que os solos brasileiros, altamente susceptíveis à erosão, não sejam degradados pelas chuvas intensas da primavera e que as colheitas não sejam prejudicadas pelos veranicos de verão. Ou ainda, que a vida do solo não seja castigada pelo clima seco na entressafra. 
Proteger o solo significa manter sua capacidade de reproduzir a vida, como a troca de água, ar e calor, o armazenamento e a ciclagem de nutrientes, a decomposição da matéria orgânica, a regulação do fluxo de água influenciando o ciclo hidrológico, o movimento de materiais solúveis e, em especial, servindo de filtro ou de tampão para elementos e compostos tóxicos, função de proteção ambiental que nos oferece a água limpa.
O primeiro passo para o agricultor moderno dos trópicos é utilizar as terras de maneira planejada, segundo a sua aptidão agrícola, o que significa, por exemplo,  evitar o desmatamento em áreas muito frágeis, como a Amazônia e o Pantanal.  Avaliações realizadas com base nas informações disponíveis sobre os solos brasileiros indicam que 65% do território nacional, mais de 5,5 milhões de km2, podem ser utilizados para a produção agropecuária. O Brasil tem hoje, segundo o IBGE, mais de 57 milhões de ha com culturas anuais, o que mostra o potencial de exploração agrosilvopastoril. Outros 200 milhões de ha são ocupados com pastagens.  Cerca de 80% dessas pastagens já apresentam algum nível de degradação.
Ganhos com  produtividade
Há de se considerar também que os grandes avanços na produtividade da agricultura brasileira nos últimos 15 anos, com aumento de produtividade de 75% (passando de 68,4 milhões de t em 91/92 para 119,7 milhões de t em 05/06), levaram a uma intensificação no uso da terra de 42%, uma vez que a área cultivada com culturas anuais e perenes aumentou em apenas 23%. 
O esforço conjunto da Embrapa, das Universidades e outras instituições públicas e privadas, tem viabilizado a criação de sistemas conservacionistas de uso e de manejo do solo, adaptados às condições brasileiras, tanto nas regiões mais frias do sul quanto nas regiões equatoriais do norte do país, com forte viés agroecológico que preservam o que tem de mais importante no solo:  a matéria orgânica e a sua vida (flora e fauna). 
Tais sistemas conservacionistas associam a redução drástica do revolvimento do solo à rotação de diferentes usos e culturas, à manutenção da cobertura permanente do solo, ao manejo integrado de pragas, doenças e de plantas daninhas, ao desenvolvimento de espécies, variedades e cultivares mais produtivos e adaptados, aos sistemas de adubação mais racionais, e muitas outras tecnologias desenvolvidas nos centros de pesquisa do país. Fruto do esforço combinado de produtores, extensionistas, consultores técnicos e pesquisadores, esses sistemas tornam a agricultura brasileira a mais sustentável do mundo.
Por serem desenvolvidos para as condições de solo e clima existentes no Brasil e felizmente, em razão da eficiência e dos ganhos que agregam ao agronegócio, os sistemas conservacionistas vêm se tornando mais frequentes na paisagem, recuperando áreas degradadas e dando renda aos agricultores.  Destacam-se, dentre eles, os sistemas agroflorestais, a integração lavoura-pecuária-floresta e o sistema plantio direto.
Vantagens
Somente o plantio direto já ocupa, segundo a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha – FEBRAPDP (www.febrapdp.org.br/download/ev_plantio_brasil.pdf), uma área superior a 22 milhões de ha e já é tradicional em áreas de produção de soja, milho, feijão irrigado, algodão, cana-de-açúcar, citros, eucalipto e hortaliças como o tomate, cebola e folhosas. 
A adoção destes sistemas é uma contribuição definitiva para a agricultura e para toda a sociedade.  Estimativas da Embrapa (ver tabela abaixo) mostravam, em 2002, uma economia de 6,7 bilhões de reais para o agricultor, o agronegócio e a sociedade como um todo, somente pela economia de insumos (fertilizantes, sementes e defensivos), óleo diesel e mão de obra.  Significa também economia de recursos públicos na manutenção de estradas, reposição de reservatórios, desassoreamento de cursos d´água e tratamento de água para consumo humano.
Para a sociedade, o plantio direto proporciona ainda maior recarga dos aquíferos, melhor qualidade do ar, a prevenção de enchentes e secas, menos  desmatamento, e, por fim, a mitigação do efeito estufa pelo sequestro de carbono no solo e na palhada. Trata-se de um serviço ambiental múltiplo que o agricultor, não mais poluidor, presta a sociedade como guardião dos recursos naturais e pelo qual não é adequadamente remunerado.
Nesse momento em que o Brasil se preocupa com as mudanças globais, o sequestro de carbono da atmosfera para o solo, que o plantio direto opera é uma contribuição adicional muito relevante, sendo mais um indicador da possibilidade de construir uma agricultura altamente sustentável nos trópicos.
Em trabalho publicado na revista Soil & Tillage Research em 2006, elaborado a partir de dados dos próprios autores e da revisão de outros dados já publicados no país, os cálculos mostram que, na média, em lavouras de grãos cultivados sob plantio direto registra-se, na região dos Cerrados, um acúmulo de carbono no solo da ordem de 350 kg/ha/ano, sequestrado da atmosfera e que pode atingir 480 kg/ha/ano na região sul do Brasil, numa profundidade de 20 cm.  Nas áreas sob manejo convencional, ao contrário, observa-se a emissão de carbono para a atmosfera. 
Convertendo esses valores em quantidade de dióxido de carbono (CO2) tem-se, para o Cerrado e para a região Sul, respectivamente, totais aproximados de 1,28 e 1,76 toneladas de CO2  por ha e por ano retirados da atmosfera. Considerando a área total sob Plantio Direto (22,5 Mi ha), tem-se uma estimativa de retirada de CO2  da atmosfera da ordem de 29 milhões a 40 milhões de t/ano.
Tais números são aparentemente ínfimos se comparados com o total de emissões anuais do Planeta, da ordem de 29 bilhões de to

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Maurício Carvalho de Oliveira - Ministério da Agricultura
04/10/2010 - 14:47
Parabenizo os pesquisadores Drs. Pedro Freitas, Celso Manzatto e Ladislau por esse aclarador artigo sobre a relevÔncia do uso, manejo e conservaþÒo solo para o desenvolvimento do paÝs, para a seguranþa alimentar de nossa populaþÒo assim como para a populaþÒo de mais de 140 paÝses, nossos parceiros comerciais para alimentos, fibras e biocombustÝvel. Entretanto, somado aos novos desafios da pesquisa agropecußria, distingue-se um marcadamente de natureza polÝtica, que precisamos, como sociedade, centrar esforþos para avanþarmos, com relaþÒo a modernizaþÒo e o fortalecimento da AssistÛncia TÚcnica oficial. Para tanto, cabe uma discussÒo sÚria sobre o papel do diferentes nÝveis de governo nessa empreitada. E o momento polÝtico Ú esse. O que nÒo se pode Ú ficarmos olhando para os umbigos e reclamando aos cÚus sobre as dificuldades por que passam uma grande parcela de produtores rurais desassistidos deste paÝs. Sem assessoramento tÚcnico num mundo cada dia mais competitivo Ú privar de avanþos um setor que pode rapidamente dar respostas econ¶micas e ecol¾gicas Ó toda sociedade.

Rafael Salerno
06/10/2010 - 00:29
ParabÚns ao Pedro e colegas pelo belÝssimo artigo!

JOÃO CALDERON
15/10/2010 - 16:55
ParabÚns Colegas!

Ëtima materia apresentada num momento muito oportuno. Devemos fazer chegar estes dados e fatos ao Campo na maior brevidade.
Abs,

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3 comentários

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