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     22/11/2024            
 
 
    

Conforme já mencionamos em artigos anteriores na nossa coluna, apesar da importância do solo como base de todos os nossos sistemas de produção de alimentos, o conceito de qualidade do solo é recente (surgiu na década de 1990) e envolve não só a questão da produtividade biológica (grãos, carne e leite), mas também todos os serviços ambientais que o solo presta ao planeta Terra e que resultam na melhoria da qualidade da água e do ar e na promoção da saúde dos seres vivos, incluídos aí plantas e animais.

Não se pode falar em agricultura sustentável sem falar em qualidade do solo, principalmente no atual cenário mundial em que a população e a demanda por alimentos são crescentes e estudos mostram que em torno de 40% dos solos do mundo estão degradados. A qualidade do solo é vital para a produção sustentável de alimentos e fibras e para o equilíbrio geral do ecossistema. Manter ou aumentar a qualidade dos solos pode prover uma série de benefícios econômicos e ambientais. Por exemplo, solos de alta qualidade são produtivos, pois permitem uma alta eficiência da utilização de água e nutrientes pelas culturas. Adicionalmente, o manejo adequado do solo promove a melhoria na qualidade da água e do ar via a redução da erosão, lixiviação de contaminantes e da emissão de gases de efeito estufa. A mensuração desses benefícios, no entanto, pressupõe a existência de um método ou índice que permita acessar e monitorar a qualidade dos solos manejados de forma a permitir a discriminação de sistemas sustentáveis daqueles não sustentáveis.

Entretanto, a quantificação da qualidade de um solo não é uma tarefa fácil. A multiplicidade de fatores químicos, físicos e biológicos que resultam no “funcionamento” do solo e suas variações, em função do tempo e espaço, estão entre os fatores que dificultam a capacidade de acessar a sua qualidade. Além disso, existe uma enorme diversidade de tipos de solo, os quais podem ser submetidos a uma multiplicidade de usos.

Apesar dessas dificuldades, várias estratégias têm sido empregadas para a elaboração de Índices de Qualidade de Solo (IQS). Em comum, os modelos propostos incluem três passos para produzir o IQS: (1) a seleção de um conjunto mínimo de propriedades físicas, químicas ou biológicas designadas como indicadores de qualidade do solo; (2) a definição de um sistema de pontuação para interpretar a adequabilidade dos valores do indicador e transformá-los para uma escala comum, e (3) a combinação das pontuações dos indicadores para produzir o índice. Geralmente, o peso de importância de cada indicador no IQS é determinado pela sua capacidade de estimar a performance de funções-chave do solo. Dentre estas podem ser citadas o suporte físico para as raízes das plantas; a retenção, suprimento e ciclagem de nutrientes; a retenção e a condutividade de água; o suporte para as cadeias alimentares e a biodiversidade do solo; o tamponamento e filtragem de substâncias tóxicas e o sequestro de carbono.

Para facilitar a definição de modelos e o cálculo dos IQS, a Universidade Federal de Viçosa desenvolveu o software SIMOQS (“Sistema de Monitoramento da Qualidade do Solo”), o qual permite a construção e condução de testes de modelos para cálculos de IQS de forma rápida, com uma interface amigável e que podem ser aplicados a diferentes regiões e culturas. Esse software atualmente está em fase de aperfeiçoamento.

Longe da pretensão de representar um consenso, as várias abordagens utilizadas para o monitoramento da qualidade do solo e para o cálculo de IQS constituem, antes de tudo, subsídios para discussões técnicas sobre: i) quais os atributos (químicos, físicos e biológicos) devem fazer parte de um conjunto mínimo de dados para avaliar a qualidade do solo; e de ii) como ajustar modelos de referência para cada sistema de manejo/cultura avaliado, levando em consideração os aspectos locais, principalmente aqueles relacionados às condições edafoclimáticas. A compatibilização dessas questões, a inclusão do componente econômico relacionado à produtividade das culturas nos cálculos de IQS e a própria forma de utilização desses índices são aspectos importantes que também precisam ser considerados.

Em um mundo globalizado onde a preocupação com a valoração dos serviços ambientais e as barreiras ao comércio internacional se tornam cada vez mais evidentes, é possível que, uma vez bem definidos e normatizados, os índices de qualidade de solo permitam a agregação de valor aos produtos agrícolas oriundos de propriedades rurais/países que sejam capazes de comprovar que as práticas de manejo adotadas em suas lavouras permitem a manutenção ou melhoria da qualidade do solo, garantindo a preservação desse recurso. Seguindo esse raciocínio, o uso desses índices poderia também servir como referencial para a valoração das terras e para a redução de impostos e de taxas de juros de financiamentos agrícolas.

Várias agências reguladoras internacionais têm discutido como avaliar a qualidade do solo. A título de exemplo, o comitê técnico internacional ISO 190, “Qualidade do Solo”, propôs uma lista de 35 parâmetros (químicos, físicos e biológicos) como indicadores de qualidade de solo, enquanto que na OECD (Organization for Economic Cooperation and Development) estão sendo definidos diversos indicadores agroambientais (aproximadamente 250, dos quais 58 relacionados à qualidade do solo). Atualmente, a Nova Zelândia já possui um sistema governamental on-line (http://sindi.landcare.cri.nz) para avaliação da qualidade do solo, denominado SINDI (The New Zealand Soil Indicators), que utiliza apenas 7 indicadores. Os dados obtidos em cada propriedade rural podem ser comparados simultaneamente a um banco de dados nacional oriundo de 500 solos.
Na EMBRAPA, um dos objetivos do projeto “Biondicadores de qualidade de solo” é determinar, com base em propriedades microbiológicas, químicas e físicas avaliadas em solos de diferentes regiões e sistemas de produção, índices para avaliação/monitoramento da qualidade de solos brasileiros, que possam auxiliar nas avaliações de sustentabilidade de diferentes agroecossistemas. O tema é complexo, mas a idéia é proporcionar soluções simples que possam ser adotadas facilmente por técnicos e agricu

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Oswaldo Julio Vischi Filho
25/08/2010 - 11:35
Prezados (as) Senhores (as)solicito autorizaþÒo para postar essa matÚria na rede social Peabirus, comunidade manejo e conservaþÒo do solo. Gostaria tambÚm de um cotato com os autores do trabalho, visto que, n¾s estamos implantando um projeto denominado IQUS - Indice de Qualidade do Uso do Solo AgrÝcola, no Estado de SÒo Paulo e uma traca de informaþ§pes seria muito interessante para os dois projetos. Meu email Ú ovischi@gmail.com

Paulo Horvatich( eng agrº)
25/08/2010 - 15:20
+ bom que a comunidade tenha sempre em mente que o solo nÒo apenas quÝmica e fÝsica. + um complexo vivo.

JORGE APARECIDO QUIESSI
26/08/2010 - 09:33
Fico feliz quando leio um artigo onde a preocupaþÒo Ú a preservaþÒo do solo. Aspectos multiplos dificultam um ·nico modelo, tentativas com acertos e erros fatalmente contribuiram para chegar-se a um modelo prßtico e barato, que inicialmente poderß avaliar o quanto e o que fazer para preservar o solo, base da sustentabilidade do processo produtivo. Defeve-se concetrar esforþos para chega-se a um modelo que possa monitorar o solo, como o estamos "tratantando" e "usando", ai sim, antecipar e combater processos e aþ§es degradantes. Neste momento as nossas aþ§es e preocupaþ§es tem carater curativo. Com esforþos concentrados e uniÒos dos setores como: pesquisa, extenþÒo, assistÛncia, defesa agropecußria poder-se-a estabelecer estratÚgias e aþ§es preventivas na proteþÒo do solo agrÝcola.

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