O potencial produtivo da espécie ovina, passa pela produção de carne, leite, pele e lã, apresentando desta forma uma boa opção para os produtores rurais brasileiros. Entretanto, a decisão de criar ovinos, deve ser necessariamente empresarial, neste sentido se devem analisar quais são as tendências do mercado para estes produtos. Nesta análise, algumas questões devem ser respondidas: Onde está o nosso mercado? Qual o tamanho desse mercado? Quem é o nosso consumidor? Qual a origem do produto? Que preços estão sendo praticados? Quais as formas de apresentação do produto?
Existe atualmente uma crescente procura e aceitação destes produtos, tanto no mercado interno, quanto no mercado externo, levando como consequência a mudanças nos segmentos de produção e comercialização, o que faz com que ocorra o surgimento de criadores especializados na ovinocultura de corte. Porém, como já comentado em textos anteriores, no Brasil o setor de produção ainda é incipiente, com um consumo de apenas 0,7 kg de carne/habitante/ano.
Dentre os fatores que limitam a comercialização da carne ovina, estão o abate clandestino (apenas 7,6% da carne produzida no Brasil é inspecionada), a falta de padronização das carcaças, baixo padrão racial dos rebanhos, irregularidade no fornecimento de carne e derivados ao mercado, ausência de promoção comercial, assim como os elevados preços praticados no mercado, o que impossibilita a ampliação do mercado, diminuindo a competitividade com outras carnes.
Todavia, algumas ações podem ser conduzidas, com o objetivo de estimular a produção e o consumo, destacando-se a organização dos produtores em associações e/ou cooperativas, a promoção de capacitação gerencial e tecnológica, a utilização de programas de melhoramento animal, preconizando o uso de raças especializadas, a implantação de escrituração zootécnica e cruzamentos e também da melhoria dos sistemas de produção como um todo.
Com o mesmo grau de importância, das ações descritas acima estão à criação de linhas de créditos com juros diferenciados, específica para a ovinocultura, que pode ser viabilizada com a formação de parcerias entre associações, bancos e governos, a inclusão da certificação de qualidades de carne (através da aplicação da rastreabilidade), a implantação de uma política de marketing conduzida pelas associações de criadores, em feiras especializadas, exposições, supermercados, delicatessens, etc., e também o combate aos locais de abate clandestinos.
Para que todas estas ações possam ser implantadas, torna-se necessário a criação de uma estrutura de apoio à produção, que deve realizada após o conhecimento da estrutura atual da demanda por carne de ovinos, possíveis tendências de segmentação de mercados, orientando para um mercado mais rentável, com a colocação no mercado de produtos com maior agregação de valor. Em seguida, utilizando os mesmos canais de distribuição utilizados pelos demais tipos de carnes e com as mesmas funções de produção das demais carnes: freqüência e regularidade de entrega, padronização e qualidade.
O desenvolvimento e adaptação de novas tecnologias de uso imediato e acessíveis aos produtores, como por exemplo, uma melhor padronização dos cortes, a melhoria dos índices produtivos irão promover o aumento da escala de produção, culminando com uma maior rentabilidade da atividade, contribuindo para a afirmação de que a ovinocultura é uma alternativa viável, desde que seja bem planejada e executada, principalmente para os pequenos e médios produtores brasileiros.
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