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Os produtores de uva acabaram de entrar na época ideal da poda seca nas videiras. Até setembro, milhares de produtores vão adotar a prática para equilibrar a brotação, renovar os parreiras e melhorar a produção. No entanto, a poda é uma técnica sensível que exige habilidade e muitos cuidados por parte dos produtores. O engenheiro agrônomo Ênio Angelo Todeschini, assistente regional de fruticultura da Emater do Rio Grande do Sul, diz que o ideal é ter de 60 a 100 mil gemas por hectare, renovar de quatro a dez varas por esporões e não esperar até novembro para fazer a poda verde. Mas ele diz que muitos destes cuidados são desrespeitados pelos agricultores por falta de opção, porque a atividade carece de mão-de-obra qualificada.
— Os meses ideais para a poda da parreira, poda seca ou poda de inverno são julho e agosto, principalmente agosto em ano como este, onde tivemos oscilações bastante bruscas de temperaturas (como a última semana que passou com calor de verão), que expõe a planta a um risco maior de brotação antecipada. Brotando antes, ela corre o risco de sofrer danos com geadas um pouco mais tardias. A poda de inverno é de extrema importância para a produção e renovação da planta. O mês de agosto é o mais indicado, só que como a prática da poda é preciso ter bastante conhecimento da prática, falta mão-de-obra. Então tem produtores que já vêm podando desde o início de junho e vão até setembro podando para vencer essa demanda — diz Todeschini.
A viticultura da Serra Gaúcha agrega 14 mil famílias em 36 mil hectares plantados, praticamente de agricultura familiar, segundo Ênio. Ele diz que, como falta trabalho qualificado, a poda de inverno é feita do início de junho até o fim de setembro, o que acaba prejudicando a qualidade das uvas colhidas. Além de profissionais especializados, o clima também pode atrapalhar favorecendo a poda fora de hora. Este ano, ele diz que o clima foi de alternâncias bruscas de temperatura, com a última semana de julho com clima muito quente, o que pode favorecer a brotação tardia da planta e evitar a poda antecipada.
A prática da poda é extremamente importante para a renovação da safra e o equilíbrio da parte vegetativa com a parte produtiva. Sem ela, a planta pode crescer muito, produzindo só na ponta, o que é ruim para o produtor porque a vinha começa a acumular muito material e madeira velha, segundo Todeschini, o que gera muita energia da planta, fazendo com que ela perca material produtivo. Além disso, a poda mantém a qualidade dos frutos, pois elimina o excesso e permite que os frutos que sobraram na planta recebam boa quantidade de nutrientes, já que estão com baixa competição. A poda incorreta pode, inclusive, gerar problemas como doenças por favorecer o surgimento de fungos.
— Os principais descuidos na Serra Gaúcha ainda são os excesso de gema por hectare. Estas uvas americanas e híbridas, chamadas de comuns, têm que ter entre 60 a 100 mil gemas por hectare. O produtor sabendo de todos os riscos climáticos, fora as dificuldades de contenção por doenças, trabalha com o dobro disto, no mínimo, e depois costuma fazer uma poda verde, em novembro. Ou seja, retira um excesso de brotação. Mas aí nós temos uma copada muito fechada e com facilidade de instalação do míldio, que é a principal doença da parreira na Serra Gaúcha — explica o engenheiro agrônomo.
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