Os chamados Sistemas Agroflorestais (SAFs) são soluções alternativas para a recuperação de áreas degradadas e, ao mesmo tempo, tornam-nas produtivas. Isso porque apresentam modelos de exploração de solos que mais se aproximam ecologicamente da floresta natural. São modelos de plantio que combinam espécies arbóreas lenhosas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais que interagem econômica e ecologicamente.
Todo método ou sistema de uso da terra somente será sustentável se for capaz de manter o seu potencial produtivo também para gerações futuras. Neste caso, a sustentabilidade é uma característica inerente pela combinação de cultivos agrícolas com a presença de árvores. As espécies arbóreas, normalmente por possuírem raízes mais longas, são capazes de absorver nutrientes e água de camadas mais profundas do solo que os cultivos agrícolas não conseguiriam. Por isso, reciclam com mais eficiência e com cobertura maior da terra.
Função social, econômica e ambiental
Os SAFs quando implantados em um determinado local ou região, têm uma importante função social, a de fixação do homem ao campo. Principalmente devido ao aumento da demanda de mão-de-obra durante todo o ano, e da melhoria das condições de vida, promovida pela diversidade de produção (produtos agrícolas, florestais e animais). A conservação das espécies arbóreas medicinais e frutíferas, também é uma importante função social dos SAFs.
Economicamente, a alternância da produção ao longo do ano e a diversificação de produtos conferem aos SAFs fluxo de caixa mais favorável, principalmente pelas receitas obtidas com os cultivos intercalares de ciclo curto; mais lucros por unidade de área cultivada e mais estabilidade econômica pela redução dos riscos e incertezas de mercado. Neste caso, a escolha das espécies utilizadas nos SAFs deve se apoiar em um estudo de mercado para detectar os produtos de mais aceitação e venda em determinadas épocas do ano.
Ecologicamente, a característica mais importante do SAF é a sua estabilidade, ou sustentabilidade ecológica. Por meio da diversidade biológica promovida pela presença de diferentes espécies vegetais e/ou animais, que exploram nichos diversificados dentro do sistema. Além disso, promovem a proteção contra erosão e degradação dos solos, conservação dos remanescentes florestais, conservação das espécies arbóreas de valor ecológico - de proteção e alimentação à fauna, espécies em extinção ou próprias do local (endêmicas), conservação de nascentes e cursos d’água, substituição das matas ciliares mantendo a função de proteção e, atuação de corredores ecológicos interligando fragmentos florestais.
Os SAFs e a Legislação Ambiental
Importante lembrar que o código florestal brasileiro permite a prática dos SAFs para a restituição de áreas degradadas mediante autorização. A resolução da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, SMA 44, é fonte para orientação nestes casos. O documento traz as informações necessárias e esclarece que, por exemplo, as chamadas plantas lenhosas perenes, como árvores frutíferas, arbustos, palmeiras e bambus, podem ser cultivadas em associação com plantas herbáceas como milho, soja e feijão, ou até mesmo em integração com animais. Este modelo pode trazer grandes benefícios ao pequeno agricultor, que com isso pode ampliar a sua renda.
O modelo resgata antigas técnicas de povos tradicionais de várias partes do mundo. E hoje agrega a elas o conhecimento científico acumulado sobre a ecofisiologia de espécies vegetais, e sua interação com a fauna nativa. Além de permitir uma maior interação entre homem e natureza, os SAFs resgatam o valor da agricultura em áreas urbanas, possibilitam uma maior apropriação do espaço por parte da comunidade, e diminuem o uso inadequado dessas áreas verdes.
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