O aparecimento de plantas daninhas resistentes ou de biótipos resistentes a herbicidas ocorre com diversas espécies e em várias culturas, de forma rápida e preocupante na maioria das regiões produtoras do Brasil. A buva resistente (Conyza spp) ao glifosato é o caso mais recente, mas além dela é possível citar muitos relatos de seleção de populações resistentes, especialmente para os herbicidas inibidores da enzima acetil-CoA (ACCase) e dos inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS).
Tal surgimento é relativamente fácil de explicar: os biótipos resistentes estão presentes nas populações de campo antes de qualquer exposição aos herbicidas, em frequências variáveis e bastante baixas. A frequência inicial varia para alguns herbicidas, indo de 10-6 (uma planta a cada 1.000.000 hectares) a 10-20 planta por hectare (Gressel, 1991 e Stannard & Fay, 1987). A partir de tais dados podemos deduzir que o aparecimento no campo acontece após um período longo, que pode chegar a vários anos e após o uso prolongado de herbicidas com um mesmo mecanismo de ação. Muito conhecida é a resistência de duas plantas daninhas – o leiteiro e o picão-preto – aos chamados inibidores da ALS, uma vez que vários ingredientes ativos e produtos comerciais pertencentes a este grupo foram utilizados durante muitos anos, determinando assim o aparecimento de populações resistentes disseminadas por todo o Brasil. Trata-se da chamada “pressão de seleção” que resulta no surgimento e multiplicação de biótipos resistentes a esse mecanismo de ação.
Nos Estados Unidos o aparecimento da buva resistente ocorreu recentemente, depois do uso contínuo do glifosato no manejo de dessecação. Já o aparecimento da resistência em determinadas regiões do Brasil se deu de maneira muito mais rápida. O melhor modo de explicar isso é associando às plantações nacionais a maior frequência do uso do glifosato. Ou seja, no Brasil são duas ou até três safras por ano, enquanto nos Estados Unidos, devido principalmente ao clima de inverno intenso, o comum é apenas uma safra anual, justificando assim o fato da “pressão de seleção” nas lavouras brasileiras ser muito maior devido ao número de safras.
Casos de aparecimento de populações resistentes no Brasil:
Manejo de plantas daninhas
A ocorrência de plantas daninhas resistentes a herbicidas é uma realidade no Brasil e em diversos países. No entanto, muitos produtores ainda não se conscientizaram da magnitude deste problema que vem crescendo a cada safra. Manejar tendo em vista o sistema agrícola talvez seja uma das formas mais práticas e econômicas de se manter as plantas daninhas resistentes sob controle e evitar o surgimento de novas espécies ou biótipos resistentes e cabe a cada agricultor buscar orientação técnica e manejar adequadamente sua propriedade, fazendo frente a essa nova realidade.
Para escolher o herbicida o produtor deverá levar em conta que o uso contínuo de produtos com o mesmo mecanismo de ação sobre a mesma espécie de planta daninha resultará no surgimento de biótipos resistentes. Como no caso do aparecimento de populações de buva resistentes ao glifosato.
É possível utilizar o manejo das plantas daninhas resistentes com bastante eficácia e tranquilidade. Para conter o avanço, o agricultor precisa fazer mudanças nas práticas de manejo utilizadas, sendo necessário alternar constantemente as práticas utilizadas, visando evitar ou retardar o aparecimento de plantas daninhas resistentes (López-Ovejero & Christoffoleti, 2003).
Existem alguns procedimentos que compõem o chamado Manejo Integrado de Plantas Daninhas, que têm como finalidade diminuir as possibilidades de introdução ou aumento dessas populações resistentes nas lavouras. São eles:
– Identificar rapidamente possíveis populações resistentes;
– Utilizar herbicidas de mecanismos de ação diferentes para o manejo das plantas daninhas, quer seja para a dessecação ou para o controle na pós-emergência da cultura;
– Praticar a rotação de culturas: em virtude de cobertura vegetal, manejo e uso de herbicidas de diferentes mecanismos de ação;
– Outras formas de manejo podem ser citadas como culturas mais competitivas, espaçamentos mais adensados e uso de cobertura morta. São métodos de controle cultural que, em algumas situações, são alternativas muito viáveis se associadas ao uso de herbicidas.
Duas metodologias de manejo têm mostrado eficiência, principalmente nas regiões onde os problemas com plantas daninhas resistentes são mais prejudiciais:
1- Uso de herbicidas alternativos para o manejo: grandes avanços foram verificados por meio do uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação na mesma safra e sobre um mesmo alvo. Especificamente para o controle da buva, a principal recomendação é utilizar aplicações sequenciais de produtos sistêmicos de ação total (normalmente o glifosato e o 2,4-D) e na sequência o uso de herbicida de contato (como o Finale, da Bayer CropScience, cujo princípio ativo é o glufosinato de amônio) para a dessecação da buva remanescente.
2 - Manejo do sistema agrícola: consiste em manejar plantas daninhas analisando o “sistema agrícola inverno & verão” de forma integrada, visando reduzir o banco de sementes e a agressividade para as culturas subsequentes. No Paraná, onde o milho safrinha e o trigo são opções de inverno, herbicidas com efeito residual são importantes ferramentas, como Soberan para o milho safrinha e o Hussar para o trigo, cujo grande benefício é a redução no banco de sementes de várias espécies, facilitando o manejo para a cultura da soja posterior.
Sobre as soluções Bayer CropScience
Finale é um herbicida altamente eficaz no controle de plantas daninhas, inclusive no sistema de plantio direto. É aplicado na segunda etapa (pós-emergência) quando é recomendado o uso de um dessecante para fazer a semeadura.
Soberan é capaz de controlar o mato que compete com a lavoura sem prejudicar as plantas de milho, conforme estudos realizados por importantes entidades de pesquisa do Brasil. Sua ação ocorre rapidamente, com apenas uma aplicação. Herbicida de alta performance, o produto é sistêmico e controla, em pós-emergência, folhas estreitas e folhas largas. O Soberan pode ainda ser utilizado em qualquer tipo de milho grão
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