A agricultura brasileira foi responsável por 25,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, por 27 milhões de empregos nas diferentes cadeias produtivas e pelo superávit comercial de quase US$ 60 bilhões em 2009.
Na safra 2009/10 o Brasil produziu 147 milhões de toneladas de grãos, gerando alimentos para 193 milhões de brasileiros e excedentes para exportação, que ajudam na alimentação da população de mais de 180 países.
Dados do Relatório de Projeções do Agronegócio 2009/10 a 2019/20, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apontam que soja, carne de frango, etanol, algodão, óleo de soja e celulose são produtos que indicam elevado potencial de crescimento de produção e das exportações para os próximos anos.
Segundo o Relatório de Perspectivas Agrícolas da Agência para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO) e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a produção agrícola brasileira terá o maior crescimento mundial, com expansão superior a 40%, o dobro da média mundial, quando comparado ao período de 2007/9.
Para o ano de 2020, as projeções apontam para uma produção de 233 milhões de toneladas de grãos, 87 milhões a mais que na última safra. A produção de carne bovina deverá passar de 7,83 milhões de toneladas, em 2009, para 9,92 milhões na safra 2019/20.
Todo esse crescimento da produção agrícola brasileira deverá se dar através, principalmente, do aumento da produtividade, resultante do maior emprego de tecnologia, do aumento da eficiência dos fatores de produção e do uso de sistemas sustentáveis de produção, a exemplo do sistema plantio direto e da integração lavoura-pecuária-floresta, devendo ser incorporadas apenas 10 milhões de hectares à área atual de produção, sem implicar no aumento do desmatamento para abertura de novas áreas.
Esta incorporação de área deverá ocorrer, especialmente pela recuperação de áreas degradadas de pastagens, que somam cerca de 60 milhões de hectares, segundo estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A produção agrícola brasileira precisa continuar crescendo para alimentar a população do nosso país e para atender a demanda mundial de alimentos, em função do crescimento da população, que deverá chegar a 9 bilhões de habitantes em 2050.
Por outro lado também é crescente a necessidade de reduzir os impactos do crescimento da população humana no planeta, em especial o desmatamento, a degradação dos recursos naturais (solo, água e biodiversidade) e a emissão de gases de efeito estufa (GEE).
Para tanto, o Mapa, juntamente com outros ministérios, montou um programa cujo objetivo é buscar alternativas de baixa emissão de carbono, de forma a assegurar a adoção de tecnologias que proporcionem a recuperação da capacidade produtiva dos solos, o aumento da produtividade e a redução da emissão de GEE.
Este programa recebeu a denominação de Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e se baseia nas seguintes estratégias:
1.Promover esforços para se obter o desmatamento zero de florestas, em função dos avanços da pecuária, no bioma Amazônia, nos próximos anos;
2.Incentivar itinerários técnicos favoráveis ao aumento de renda e redução de emissões de GEE, com as seguintes práticas: recuperação de pastagens degradadas; adoção de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta; adoção do sistema plantio direto; substituição de fertilizantes nitrogenados pela fixação biológica de nitrogênio na produção de leguminosas, como, por exemplo, a soja, além de outras espécies, como a cana-de-açúcar, em desenvolvimento pela pesquisa;
3.Incentivar os estudos de adaptação de plantas no Brasil aos novos cenários de aquecimento global, com sustentabilidade na produção de alimentos nos próximos 10 anos.
Em resumo, a proposta setorial do Mapa envolve a redução das emissões antrópicas de GEE em relação às suas diferentes fontes; incentivo aos reflorestamentos e à recomposição da cobertura vegetal em áreas degradadas, integração de sistemas de produção e substituição de energia fóssil por renovável.
As metas do Programa ABC, paro o período 2010/20 são:
1.Recuperação de uma área de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, como manejo adequado e adubação, possibilitando uma redução de 101 milhões de toneladas de GEE, em equivalente carbono;
2.Adoção do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta em 4 milhões de hectares, permitindo uma redução de 20 milhões de toneladas de GEE, em equivalente carbono;
3.Ampliação do uso do sistema plantio direto em 8 milhões de hectares, que passaria de 25 milhões para 33 milhões de hectares, com uma possível redução de 16 a 20 milhões de toneladas de GEE, em equivalente carbono;
4.Estímulo à fixação biológica na produção de soja em grãos de 11 milhões para 16,5 milhões de hectares, atingindo uma redução de 16 a 20 milhões de toneladas de GEE, em equivalente carbono;
5.Incremento do plantio de florestas econômicas em 3 milhões de hectares, resultando no sequestro de 10 milhões de toneladas de GEE, em equivalente carbono.
Para dar início ao cumprimento dessas metas o Governo Federal está destinando recursos no valor de R$ 2 bilhões, para o Programa ABC, no Plano Agrícola e Pecuário 2010/11, com limite de financiamento por beneficiário de R$ 1 milhão, taxas de juros de 5,5% ao ano, com prazos de pagamento em até 12 anos e carência de até seis anos, para produtores rurais que adotarem práticas citadas anteriormente, como por exemplo, o sistema plantio direto.
A adoção do sistema plantio direto (SPD) proporciona a redução da erosão laminar, com diminuição de até 90% na perda de solo e consequentemente de corretivos e fertilizantes, além de reduzir em até 70% o consumo de combustíveis fósseis em relação ao sistema de preparo convencional do solo, contribuindo para a diminuição na emissão d
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