O Sistema Plantio Direto foi implantado e desenvolvido no Brasil a partir de três premissas básicas e imprescindíveis: o não revolvimento prévio (preparo) do solo para implantação das culturas; a cobertura do solo com palha das culturas comerciais; e, a rotação de culturas, através do rodízio de cultivo das principais culturas econômicas, de inverno e verão. A partir disso, muito esforço, dedicação e suor foram dispensados para adequar, inicialmente, e desenvolver, posteriormente, máquinas para a semeadura das mais diferentes culturas para condições de solo totalmente diferentes daquela de um solo preparado no sistema convencional (1 lavração e 2 gradagens). Para promover, também, a formação de cobertura suficiente para evitar e, também, minimizar os efeitos da erosão, foram realizados muitos estudos de introdução e adaptação de espécies vegetais para produção específica de palha, os chamados adubos verdes, de inverno e verão.
Com o avanço da tecnologia de adaptação e desenvolvimento de máquinas semeadoras, o SPD teve adoção crescente e significativa por parte de médios e grandes proprietários. Posteriormente, com a adaptação e desenvolvimento de pequenas máquinas para as condições específicas dos agricultores familiares, o SPD tornou-se um “sistema universal ao alcance de todos”. Aliás, é interessante, e justo, registrar que, graças ao espírito criativo para a adaptação e desenvolvimento de pequenas máquinas por parte de agricultores, técnicos, indústrias familiares e oficinas de “fundo de quintal”, o Sul do Brasil, em especial Santa Catarina, se transformou em referência internacional para o Plantio Direto em pequenas propriedades.
Apesar de tanto avanço, um detalhe sempre ficou em discussão: a falta de um maquinário específico para semeadura dos adubos verdes de inverno de pequenas dimensões e a falta de recursos e/ou a descapitalização não permitia aos agricultores familiares adotarem integralmente o SPD. A semeadura a lanço e o enterrio das sementes dos adubos verdes com grade de dentes ou discos, que requerem muito tempo e esforço físico tanto dos agricultores quanto, muitas vezes, dos próprios animais de tração (quando usados), não atendiam ao pré-requisito “não revolvimento do solo”. Este, então, era o “calcanhar de Aquiles” dos pequenos.
Com base nesta dificuldade, técnicos da Epagri e agricultores familiares da região de Videira, SC, através de um estudo denominado “Pesquisa Participativa” viabilizaram a adaptação e a criação de um dispositivo distribuidor de sementes de adubos verdes – KIT SEMEADURA DE ADUBOS VERDES – acoplado na colhedora de milho de uma linha tracionada por trator. O objetivo foi plenamente alcançado com ganhos em tempo e humanização do serviço, redução do custo de produção e, finalmente, conseguir a consolidação do SPD para muitos agricultores familiares que atualmente, também, enfrentam a escassez de mão de obra na propriedade.
O KIT SEMEADURA, como mostra a Figura 1, é um conjunto formado por uma caixa (reservatório) de sementes, um rotor canelado para distribuição das sementes (rotor para trigo), de uso comum nas semeadoras de plantio direto, fixado na base da caixa de sementes e um tubo conectado à saída da palha de milho da colhedora. O distribuidor é montado sobre o chassi da colhedora de milho e acionado por um pequeno motor (motor de pára-brisa) que é alimentado pela bateria do próprio trator. Durante a operação de colheita do milho o rotor é acionado, fazendo com que as sementes sejam liberadas (lançadas) na calha de saída de palha da colhedora, misturando-se com esta até cair sobre a superfície do solo. É possível ligar e desligar o funcionamento do sistema para permitir manobras e paradas sem queda de sementes. O sistema funciona bem com, apenas, sementes de uma espécie tanto quanto com sementes de várias espécies de adubos verdes ao mesmo tempo para cultivo em consórcio, sem separação de sementes no depósito. Segundo avaliações já realizadas a campo, nas fases iniciais as plantas dos adubos verdes concentram-se linearmente no solo; mas, com o passar do tempo, cobrem completamente a superfície do solo.
Esta máquina possibilita não só a adoção total das três premissas básicas do SPD como, também, permite adotar novos quesitos do sistema tais como o processo COLHER-SEMEAR, para proporcionar maior eficiência na cobertura do solo, e a viabilização da integração lavoura-pecuária leiteira em áreas típicas trabalhados pelos agricultores familiares.
Para conhecer o equipamento montado na máquina os interessados poderão fazer contatos com: Adalberto Modena, Linha São Roque, Iomerê, SC. E, para maiores esclarecimentos técnicos entrar em contato com: Escritório Municipal da Epagri de Iomerê (emiomere@epagri.sc.gov.br ) ou Estação Experimental da EPAGRI de Videira Rua João Zardo SN. Caixa Postal 21. 89560-000 Videira SC (eevideira@epagri.sc.gov.br), telefone (49) 3566-0054.
|