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Há dez anos os produtores de uva da zona da mata de Pernambuco ainda sofriam com o cultivo da videira. A cultura, que chegou à região a cerca de 60 anos, só se desenvolveu plenamente na última década e conquistou avanços impressionantes. No início dos anos 2000, os viticultores contavam com uma produtividade de apenas 12 toneladas por hectare por safra e conseguiam apenas uma safra por ano. Hoje, é possível retirar quatro vezes mais uva e com melhor qualidade. Além disso, graças a novas tecnologias, a produção de uvas da zona da mata se tornou sustentável.
Graças aos cuidados de manejo e tecnologias usadas, a produtividade é de 25 toneladas de uva por hectare por safra, sendo que é possível obter duas safras por ano. Isso significa que os viticultores da zona da mata estão produzindo 50 toneladas por hectare ao ano. As medidas para aumentar expressivamente a produção envolvem desde cuidados de fitossanidade como o monitoramente de doenças e sequenciamento de podas até a injeção de hormônios. Os agricultores devem procurar especialistas para se orientarem melhor e saberem que hormônios podem ser adicionados e como uma boa poda deve ser feita. Outra vantagem para os viticultores da região é a melhora na qualidade das uvas que valem mais no mercado. Isto foi possível graças à grande redução de aplicações de agrotóxicos na plantação, tornando o cultivo de uvas da zona da mata produtivo e sustentável.
— A Embrapa tem orientado um monitoramento fitossanitário que basicamente são inspeções diárias nas áreas de produção, onde o viticultor detecta os primeiros sintomas. Ao detectar este início dos problemas, ele tem condições de fazer um melhor controle e diminuir também a quantidade de pulverizações. A gente tem um exemplo prático da redução de aplicações de agrotóxicos de 20 para 7 aplicações em um ciclo e isso tem reduzido o custo de produção e tem oferecido frutas com melhores qualidades, com menos resíduos de agrotóxico. O consumidor hoje tem essa garantia de estar consumindo frutas mais saudáveis. Com essa tecnologia de monitoramento, a gente pode dizer que a uva da zona da mata está sendo produzida de forma sustentável, ou seja, respeitando as questões ambientais, sociais e uma ligação muito forte com a questão econômica — explica a pesquisadora Selma Tavares, da Embrapa Solos.
As principais doenças da videira são o míldio e a ferrugem, que são dois fungos. O míldio acontece principalmente nas épocas úmidas e a ferrugem pode ocorrer durante todo o ano quando a planta entra na fase de maturação dos frutos. Na zona da mata pernambucana existe também ataques de cochonilhas e praga-do-ramo, mas em escala bem menor do que as doenças. As perspectivas para o cultivo de videiras na região é muito bom porque novas tecnologias estão sendo experimentadas para melhor a produção e o clima também é favorável. O sol que bate durante todas as estações, o clima úmido de dia e frio à noite só ajudam no desenvolvimento produtivo. O próximo passo dos pesquisadores é instalar um programa de controle biológico e novas cultivares na região.
— A gente pretende iniciar o controle biológico, que é uma tecnologia que soma na questão de proteção ambiental e na minimização de custos de produção, além de ter toda a questão social envolvida. O controle biológico já tem apresentado sucesso no cultivo de uva de outras regiões como o Semi-Árido, em Petrolina, Pernambuco, e nós estamos trazendo esta tecnologia para a zona da mata. Outra tecnologia é a introdução de outros materiais vegetais porque hoje só há uma cultivar na zona da mata que é a BRS Isabel. Estamos estudando outros materiais como a BRS Vênus, que é uma variedade sem semente e que promete melhores preços de mercado — conta a pesquisadora da Embrapa Solos.
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