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De alta qualidade nutricional, o composto produzido no protótipo piloto de processamento de lixo, implantado na fração urbana, do município de Bonito (MS), demonstra potencial para atender ao mercado de fertilizante orgânico. A constatação de altas concentrações de carbono e nitrogênio na substância está entre os primeiros resultados práticos do projeto GEF Rio Formoso, sob a coordenação da Embrapa Solos. Com o propósito de aumentar as taxas de preservação ambiental, aprimorando os índices de produtividade da pecuária e agricultura local, sistemas agroflorestais, agrosilvopastoris e princípios de manejo conservacionistas de recursos naturais vem sendo implantados na região desde 1995.
O pesquisador Heitor Coutinho afirma que, ainda sem escala industrial, a unidade de compostagem já recicla os resíduos produzidos pelos hotéis e restaurantes da cidade, mitigando a poluição das águas pelo chorume e reduzindo a emissão de gases causadores do efeito estufa. Além de órgãos públicos das esferas Estaduais e Municipais e algumas organizações não governamentais, a iniciativa de gestão integrada conta ainda com a participação das Embrapas Gado de Corte, Agropecuária Oeste e Pantanal. A aplicação de técnicas alternativas resguarda a interdependência socioeconômica entre o setor produtivo e a biodiversidade local.
— A bacia hidrográfica do Rio Formoso é única porque reúne três biomas brasileiros importantes: a Mata Atlântica (Parque Nacional da Serra da Bodoquena), o Cerrado e o próprio Pantanal. É uma região de riqueza exemplar. Foi grande produtora de erva mate e depois virou foco da produção pecuária. A partir da década de 1970, veio também o plantio da soja e do milho. Atual polo turístico, a maior parte do uso da terra ainda é a bovinocultura. Essa pressão sobre o meio ambiente causa um declínio, um desmatamento preocupante. Porém, com matas ciliares ainda em bom estado, é um lugar ideal para a instalação desse tipo de pesquisa. O projeto Rio Formoso despertou o interesse do Banco Mundial e Fundo Mundial Para o Meio Ambiente (GEF) — diz ele.
Coutinho aponta, o poli-cultivo de espécies florestais e nativas como o pontapé inicial para recomposição de áreas degradadas. Enquanto as árvores crescem lentamente, a exposição da terra ao sol é aproveitada para produzir culturas anuais e semiperenes. Ao final do processo, os produtores dispõem de variadas fontes de renda e podem enfrentar melhor as intempéries climáticas e mercadológicas. Áreas demonstrativas ensinam tecnologias de conservação com diferentes tipos de terraceamento, adequados à geomorfologia dos terrenos e cultivos associados. Faixas de produção agrícola, pastagens cultivadas e árvores frutíferas, madeireiras e para o conforto dos rebanhos, constituem outro modelo interessante. Essa prática auto-sustentável potencializa os lucros, aumentando o aporte de carbono ao solo.
— O componente de capacitação foi muito bem sucedido, foram vários cursos envolvendo cerca de 200 produtores e técnicos em diferentes metodologias participativas de avaliação da qualidade de solo e água. Quase todas as etapas do projeto ofereceram treinamento. Um apelo forte de educação mobilizou escolas e organizações da comunidade. Nos próximos meses, começa o monitoramento das atividades do projeto que serão finalizadas esse ano por meio de avaliações finais. Estamos em fase de elaboração desses dados. Nos próximos meses as equipes devem ir a campo para fazer os levantamentos e testes necessários — revela.
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