Nivea Schunk 18/06/2010

Após quatrocentos anos de atividade canavieira, mais da metade da área cultivada na Zona da Mata de Pernambuco está situada sobre relevo impróprio, dificultando a mecanização e o rendimento econômico das lavouras. A constatação do estudo conduzido pela Embrapa Solos, integra os resultados do projeto de análise multicritério como metodologia para o planejamento de ação de reconversão de áreas ocupadas pela cana-de-açúcar na região, apresentado hoje (18/06), em Recife, durante o Seminário de Encerramento do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável (Promata).

O experimento de campo constatou ainda que essa substituição de boa parte da vegetação nativa de mata atlântica pelos canaviais, em terrenos com declividade acentuada, causa sérios riscos de erosão. Engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Solos na unidade de execução e planejamento de pesquisa do Nordeste (UEP Nordeste), Luciano Accioly, pontua as saídas recomendadas pelo trabalho com a adoção de alternativas técnicas e cultivos de outras espécies como a seringueira e o cacau.

— Com o incentivo dos biocombustíveis, a cana tem boas perspectivas de propagação em todos os lugares, mas aqui há muitas limitações topográficas.  A diversificação de cultivo na Zona da Mata é algo que vem sendo tentado há algum tempo, já existem algumas propriedades com bambu, nim e até seringueira, mas ainda está longe de gerar o impacto necessário. Com 90% de semiárido, o grande problema de Pernambuco é a água. A Zona da Mata tem água em abundância, solos profundos e oferece diversas possibilidades aos produtores. A mudança de plantio nessa faixa territorial pode ser de grande benefício para os agricultores locais— revela.