O Brasil, um país de dimensões continentais, apresenta uma grande diversificação climática, com extensa variação de solos, os quais, dependendo das condições pedoclimáticas, podem
variar muito quanto às suas características físicas, químicas, morfológicas, mineralógicas e biológicas.
Muitos pesquisadores e estudiosos têm alertado quanto à evolução com que a crescente degradação atinge os ecossistemas, em diferentes regiões do país, sendo o solo um dos componentes mais afetados.
O processo erosivo que atinge os solos brasileiros, degrada extensas áreas agrícolas, trazendo drásticas consequências para a manutenção de sua produtividade. O manejo inadequado do solo através de seu preparo por ocasião do plantio, e a condução das lavouras, sem respeitar a utilização das práticas conservacionistas, resultam na degradação desse recurso natural e, consequentemente, do ambiente a sua volta. Por exemplo, o assoreamento e a poluição de rios, lagos e represas pode afetar o abastecimento de água nas cidades, causando problemas de saúde na população urbana e rural, agravando, dessa forma, o desequilíbrio sócio- econômico dos municípios brasileiros.
Para se ter uma ideia, segundo dados do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), só o estado de São Paulo perde anualmente milhões de toneladas de solo pelo efeito da erosão. Isto corresponde a 15 cm de espessura da camada superficial do solo em 300 fazendas de 200 ha {60.000 ha), tornando essas fazendas improdutivas, sem valor para fins agrícolas. Já o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) estima que anualmente são perdidas de 310 a 780 toneladas de solo por hectare no estado.
Quando se analisam as quantidades de nutrientes (adicionados por fertilizantes e naturais do solo), matéria orgânica e agrotóxicos que são carreadas junto com esses solos, chega-se à conclusão que o Brasil joga fora uma grande fortuna com aplicação de corretivos e adubos, sem falar na poluição dos mananciais d'água. O pior, entretanto, é a perda de seu maior patrimônio, o solo, visto que a natureza leva milhões de anos para formar os centímetros de solo que são perdidos em poucas horas pela erosão.
Em qualquer parte do país, antes da instalação de alguma atividade agosilvipastoril, deve-se ter em mente a necessidade de fazer planejamento conservacionista da propriedade rural. Esse procedimento fornecerá subsídios para a utilização dos solos de acordo com sua aptidão agrícola, aliado às praticas conservacionistas que otimizam o manejo da propriedade sem causar erosão. Objetiva-se, desse modo, prevenir as perdas de solo, mantendo e/ou aumentando a produtividade das culturas. Este planejamento permitirá a proteção ambiental e contribuirá para melhorar a qualidade de vida do produtor e de seus familiares.
A partir desse quadro, deve-se ter em mente a necessidade de conservar nossos solos, permitindo o desenvolvimento de uma agricultura sustentável. A Embrapa Solos dispõe de alternativas para a recuperação de solos degradados, resultado de estudos que visam a geração e adaptação de metodologias técnico-científicas que reduzem/evitam a degradação e recuperam os solos afetados pela erosão. Dessa forma poderá ocorrer sua reincorporação ao sistema produtivo, permitindo a prática da agricultura sustentável.
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