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A utilização de plantas para despoluir ambientes degradados por resíduos humanos, industriais e agropecuários é uma alternativa barata, simples e eficiente para regeneração do equilíbrio ecológico. Dentre outras opções, a linha de pesquisa de fitorremediação da Embrapa Solos, em parceria com a Shell e o centro de pesquisas da Petrobrás, dispõe de 19 espécies vegetais pré-selecionadas para atuar em áreas com altas concentrações de hidrocarbonetos de petróleo e metais pesados. Fungos e bactérias associados à planta também integram esse processo de descontaminação. A fase atual do trabalho consiste em definir ações de transferência tecnológica tanto para produtores rurais quanto para outros públicos.
O pesquisador Silvio Tavares explica que o estudo parte da identificação botânica de plantas sobreviventes em locais contaminados, seguida do isolamento e multiplicação dos microrganismos mais próximos às raízes. Comparado à coleção interna da Embrapa, essas espécies recolhidas em campo são devidamente selecionadas. O intuito é chegar à planta original ou família mais próxima para iniciar os testes laboratoriais.
— Começamos a testar em escala de bancada. Fazemos várias contaminações de interesse e vamos observando as plantas até o limite. Aquelas aprovadas são indicadas para casa de vegetação, onde trabalhamos com vasos maiores em condições controladas. Cultivos anuais como feijão, sorgo, milho, deixamos o ciclo inteiro, já os perenes ficam de seis a oito meses. Depois colocamos a planta no local contaminado, aliada à técnicas próprias de adubação e acompanhamento vegetal por dois ou três anos, até que ela esteja efetivamente descontaminando a área — diz ele.
Tavares analisa ainda a diversidade de aplicação do sistema e exemplifica os problemas causados pelos resíduos dos dessalinizadores nordestinos, produção de mandioca e dejetos animais. Além de lagoas e açudes, a tecnologia de descontaminação pode beneficiar também as águas subterrâneas. Integrada a um programa de engenharia ambiental adequado, a técnica pode mitigar o impacto desses poluentes em todos os segmentos da natureza, norteando políticas públicas mais específicas e satisfatórias.
— Na Austrália, em toda a zona rural e nas cidades com menos de 50 mil habitantes não existem estações de tratamento de esgoto. As plantas são usadas como um grande brejo onde a água fica em detenção hidráulica por um certo tempo. No sistema wetland, os vegetais ficam responsáveis por fitotransportar, principalmente nitrogênio e fósforo, que são os maiores causadores de déficit biológico de oxigênio nos corpos hídricos. O excesso de nitrogênio e fósforo causa mortandade dos peixes — compara.
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