Diagnosticando e avaliando as condições econômicas de diversas empresas rurais espalhadas por todas as regiões brasileiras, nos últimos doze anos, foi possível concluir que a maior parte dos fatores que “minam” os resultados dos produtores rurais são os componentes dos custos fixos ou indiretos.
Dificilmente um produtor erra na gestão dos custos diretos, como por exemplo, os insumos agrícolas, os concentrados, a mineralização, combustível, sementes, etc.
Existe sim muita ineficiência no uso dos insumos, mas geralmente essas ineficiências não são o bastante para levar a atividade ao prejuízo.
As principais fontes de prejuízo estão naqueles custos cuja incidência é mais difícil de prever ou planejar. O aumento dos custos das manutenções, por exemplo, aumenta também a demanda de pessoal, energia, fretes, materiais, despesas administrativas, entre outros gastos não previstos. Também provoca o aumento nos desperdícios de recursos.
Como tudo isso acontece durante o processo de produção, o produtor acaba não percebendo que a situação está fugindo ao controle. Para que seja possível identificar essa tendência, é preciso um acompanhamento eficiente dos custos de produção. Infelizmente, tal qualidade exigida neste acompanhamento é um dos pontos mais falhos no empresariado brasileiro. Não só no campo, mas também nas empresas urbanas.
E, além de acompanhar os custos, é preciso manter o orçamento atualizado para os próximos períodos; o que é mais raro ainda. E os poucos empresários que elaboram orçamentos, geralmente baseiam-se apenas na contabilidade do ano anterior, quando na verdade é avaliação dos bens disponíveis na empresa e da necessidade de manutenção que faz a diferença.
Embora não impliquem em redução do fluxo de caixa livre, o aumento das depreciações também reduz a competitividade da empresa. Depreciações elevadas são sintomas de mau dimensionamento ou desequilíbrio entre bens de capital e volume de produção.
Na prática, depreciações elevadas geralmente estão associadas a manutenções e custos indiretos também elevados. Onde esses casos ocorrem, é comum verificarmos baixa capacidade de investimento da organização em crescer com capital próprio.
Geralmente, no componente de custos de produção, os itens relacionados a um custo de manutenção mais elevado são os que acabam saindo ao controle do produtor.
Ao mesmo tempo que tais custos vão saindo do controle, as ações passam a demandar mais atenção e tempo da administração.
É a origem da famosa sensação de caminhar e não sair do lugar, ou de estar sempre apagando incêndio.
Nesse momento, problemas relacionados a custos indiretos, rotina e operações se misturam também com a aplicação dos insumos, da sanidade do rebanho, do plano de manejo e no fornecimento dos alimentos que serão usados na produção. Acaba-se perdendo eficiência também na transformação dos insumos em produtos, ou seja, na administração dos custos diretos.
Observe que a empresa entra em círculo vicioso que acaba levando-a ao prejuízo. Caso o processo não seja revertido, em alguns anos a situação pode se tornar insustentável.
Nessas condições, o empréstimo de recursos e, consequentemente, o pagamento de juros torna-se cada vez mais comum. Juros estes que vão aumentando proporcionalmente à necessidade de recursos, especialmente quando começam a entrar os juros rotativos, geralmente negociados a taxas elevadas.
Os juros são componentes de custos geralmente relacionados à aquisição de bens, ou seja, aos investimentos.
Os investimentos, por sua vez, não compõem os custos de produção. Porém reduzem a disponibilidade de caixa, enfraquecendo a capacidade de resposta financeira da empresa, e aumentando a sua dependência de capital emprestado.
Pois bem, estas condições todos conhecem. O que interessa é analisar quando e quais os fatores que contribuem para levar a empresa a esta situação.
Se fosse possível ranquear todos os fatores que levam ao aumento dos custos fixos e indiretos em uma propriedade, com certeza o mau dimensionamento dos bens de produção estaria entre os primeiros. E o mau dimensionamento quase sempre acontece pela aquisição de bens de produção sem que haja um planejamento prévio.
A decisão por investir acaba sendo fruto de uma análise imediata, quando na verdade deveria ser analisada com base no longo prazo, na relação benefício/custo e no impacto nos resultados dentro do sistema de produção. Trata-se de uma decisão delicada que não pode ser adotada repentinamente, no calor do momento.
Este imediatismo, por sua vez, acontece quando os preços estão em alta. É o produtor tentando aproveitar os melhores momentos de mercado. Parece óbvio, tentar vender mais quando os preços estão altos.
Com melhores preços, o produtor acredita ser capaz de arcar com os investimentos, e com os juros que incidem nos eventuais empréstimos tomados.
No entanto, acaba avaliando a sua capacidade de pagamento com o mercado em alta, o que é temerário. Ao mesmo tempo em que superestima a capacidade de pagamento, acaba por subestimar os riscos. Tão logo os preços caem, os investimentos passam a ser fontes de prejuízos e não de resultados.
Para que os investimentos proporcionem resultados, é preciso que todos os bens de produção estejam em equilibro.
Por exemplo, se investir em cochos, é preciso que haja vacas ou animais o suficiente para usar o cocho. Se investir em misturador de dieta, é preciso que o volume de dieta batido por dia seja o suficiente para compensar o investimento. Se investir em sala de ordenha, é preciso que haja vacas o suficiente para serem ordenhadas.
Caso não haja o equilíbrio, os custos aumentam pela ociosidade do bem e pelos custos relacionados à manutenção, insumos, depreciações, etc. Acaba-se agregando custos e não valor.
Veja que a situação piora dos dois lados quando os preços voltam a cair. Além de reduzir a capacidade de pagamento, os custos estarão mais elevados, piorando o resultado da empresa.
Com isso, o momento favorável de bons preços acaba se tornando o berço de uma crise futura. É o inverso daquele ditado que se deve buscar oportunidades em meio às crises.
Por isso o produtor pre
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