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A água representa a maior parte da composição do leite, variando de 85,5 a 88,7%. Além de água, o leite possui lactose, gorduras, proteína, minerais e vitaminas.
A composição do leite faz parte do novo planejamento do produtor brasileiro, a fim de garantir um produto de qualidade (química e microbiológica) para o consumo humano e maior remuneração por litro de leite. Atualmente, os principais laticínios do país possuem tabelas para pagamento que consideram a qualidade microbiológica e a composição do leite. Neste contexto, o teor proteico do leite assume uma parcela importante na política de preço pago ao produtor, pois é um nutriente que influencia muito o rendimento industrial dos produtos lácteos. Nestas tabelas, o produtor obtém melhor preço para o leite com teor acima de 3,2% de proteína.
A composição do leite é influenciada pela raça, seleção genética, nutrição, estágio da lactação e por enfermidades da glândula mamária.
O teor de proteínas do leite é influenciado pela raça, conforme podemos ver na tabela 1.
Vários cruzamentos entre raças leiteiras são utilizados visando aumentar a percentagem de proteína do leite (% PB do leite), com resultados muito positivos e eficazes.
A seleção de touros positivos para a % PB do leite está sendo largamente utilizada em planejamento de cruzamentos no Brasil. Na Holanda, este melhoramento ocorre há mais de 60 anos, tabela 2.
Fatores nutricionais que influenciam o teor proteico do leite
Existem vários objetivos a serem alcançados quando se formula dietas para vacas de leite, como a saúde do animal, incremento ou manutenção da produção de leite, aumento da persistência da produção, correção do escore corporal, dentre outros.
Com este objetivo, as dietas devem maximizar o aporte de aminoácidos e energia para a glândula mamária. Os aminoácidos serão fornecidos diretamente pela dieta, na sua porção proteica e também na síntese de proteínas microbianas no rúmen. Estas proteínas (proteína microbiana e proteína não degradável no rúmen) chegam diretamente no duodeno, resultando em um maior aporte de aminoácidos absorvidos e disponíveis para a glândula mamária.
A qualidade da proteína fornecida na dieta influencia o teor de proteína do leite, sendo que os aminoácidos lisina e metionina são os mais limitantes. Em dietas à base de silagem de milho ou suplementadas com seus coprodutos, a lisina tende a ser o aminoácido mais limitante. Nas dietas à base de soja e outras leguminosas, a metionina pode estar deficiente. Estratégias que utilizam suplementação de aminoácidos protegidos são onerosas, diminuindo sua eficiência econômica de utilização. Como podemos visualizar, o perfil de aminoácidos mais próximo do ideal para a produção de leite, disponíveis e permitidos para utilização na dieta de ruminantes, é a proteína microbiana do rúmen, produzida naturalmente em grandes quantidades em dietas equilibradas, sendo também com certeza a mais econômica em dietas para vacas de leite.
O teor proteico da dieta influencia muito mais a produção do que a composição do leite. Segundo Reis (2008), o incremento de um ponto percentual de proteína em dietas com teor proteico de 9 a 17% resulta em aumento de apenas 0,02 pontos percentual da proteína do leite. No entanto, o mesmo autor comenta que quando a proteína da dieta estiver deficiente, a proteína do leite tende a aumentar com a utilização de fontes de proteína não degradável no rúmen.
Segundo Colmenero e Broderick (2006), o teor de 16,5% de PB foi suficiente para maximizar a produção de leite e de proteína, quando se utilizam dietas à base de silagem de milho e alfafa e milho moído com alta umidade, como a principal fonte de carboidratos não fibrosos e o farelo de soja como fonte de suplemento proteico, conforme detalhado na tabela 3.
Resposta mais significativa é observada quando aumentamos a quantidade de alimentos prontamente fermentáveis no rúmen. Neste sentido, o aumento da ingestão de matéria seca e o maior aporte energético e fermentativo para o rúmen irão gerar uma maior resposta sobre o teor proteico do leite.
A utilização de minerais na forma de Carbo-Amino-Fosfo-Quelatos pode incrementar o teor proteico do leite, conforme observou Benedetti et a., (2003).
Ferramentas para Balanceamento de Dietas visando Incremento da PB do Leite
Relação concentrado/volumoso.
Dietas com maior quantidade de concentrados aumentam o teor proteico do leite. Existem limitações para as dietas com grande quantidade de concentrado, uma vez que o pH ruminal cai e diminui a digestibilidade da fibra, reduzindo o percentual de gordura do leite e aumentando a ocorrência de laminites, prejudicando a saúde dos animais.
Utilizar concentrados ricos em amido.
Os coprodutos ricos em fibra – casca de soja, polpa cítrica, torta gorda de algodão, são largamente utilizados em dietas. Devemos utilizá-los sempre em conjunto com concentrados ricos em amido – fubá ou milho úmido, para assegurar uma fonte energética eficiente para incrementar a fermentação ruminal e, assim, aumentar a produção de proteínas microbianas no rúmen. Em dietas a base de silagem de milho, evitar substituir o farelo de soja 46 pelo farelo de glúten de milho 21.
Utilizar fontes de gordura moderadamente.
A adição de gordura incrementa a densidade energética da dieta, trazendo resultados positivos no metabolismo do animal, principalmente durante o verão, ou em dias mais quentes. Devemos sempre observar as limitações de uso das gorduras, ponderando sua interferência na fermentação ruminal. Priorizar sementes de oleaginosas, gorduras relativamente saturadas e sais de cálcio de ácidos graxos.
Utilizar aditivos, tamponantes e alcalizantes.
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