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Produzir feijão custa muito caro no Brasil. Varia de  R$ 2.600 por hectare no Sul até R$ 3.500 no cerrado, debaixo de irrigação. Assim, esta lavoura necessita de constante atenção por parte do governo federal. Não se pode, impunemente, ver o produtor recebendo R$ 40 por saco. O mercado tenta cuidar, diminuindo a área, de readquirir o equilíbrio. É isto que presenciamos neste momento.

Não temos volume suficiente para manter em um valor razoável (entre R$100  R$120 por saca de 60 quilos), tanto para consumidor quanto para o produtor. É preciso que o Ministério da Agricultura entenda a necessidade de atender rapidamente os alertas da Câmara Setorial. Esta situação de mercado foi claramente prevista pelo Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe) em Novembro de 2009.

Naquela oportunidade foi alertado que o governo deveria fazer, em Dezembro, todo esforço possível para amparar o produtor, investindo em um direito dos agricultores: o preço mínimo. Isso chegou a ser prometido pelo governo, mas no momento em que se desejava que o produtor plantasse. E esta situação não é outra se não um estelionato. 

Enquanto as relações entre os produtores e governo  não voltam a se tornar razoáveis, a recomendação é que os produtores engressem com representações judiciais contra a federação.  No momento da colheita o jogo de empurra começa com acusações de que o Ministério do Planejamento não liberou os recursos, mas é preciso que o governo entenda que ou se cumpre preço mínimo ou se elimina esta “arapuca”.

INCENTIVO AO CONSUMO - Outro fator é o consumo. O Ministério da Saúde está preocupado com a queda no consumo de feijão. Era de se esperar que isto ocorresse. Afinal, o consumidor não tem nenhum tipo de orientação para continuar consumindo o feijão nosso de cada dia. É preciso que a cadeia produtiva mostre que o feijão é considerado um alimento perfeito: tem qualidade e ela está sendo, a cada dia, melhorada. Uma campanha governamental, que mostre a importância de consumir um alimento tão rico,  poderia ajudar a resolver dois problemas: o de saúde e o do mercado.


100% Feijão:  respeito ao consumidor

O Ibrafe acaba de criar o selo 100 % Feijão. O selo vai garantir que o feijão comprado pelos consumidores esteja 100% dentro da qualidade impressa no pacote, 100% dentro das normas ambientais e trabalhistas,  100 % em dia com as boas práticas de fabricação. Isso significa nada de gato combatendo rato dentro dos armazéns, fato ainda comum em diversos locais, sem as mínimas condições de atender as normas previstas. Fica no passado trabalhadores fazendo uso de instalações sanitárias fétidas, sem condições nem mesmo de manter as mãos limpas, ou dormindo sobre a sacaria dos feijões, em armazéns onde as baratas correm soltas.

Outra faceta desta empreitada é o varejo que  força as indústrias a violarem a legislação, incentivando fortemente que as marcas baixem seu preço mesmo que sacrifiquem a qualidade, porém que continue constanto T-1 na embalagem, ou seja,  enganado o povo. O Mapa  pode e deve autuar não somente a marca que viola a lei mas, também, as lojas e supermercados que admitem marcas que violam a legislação. Outra força é a denúncia ao Ministério Público por crime contra a economia popular. O grande trunfo do povo será a imprensa acolhendo denúncias de marcas que não seguem insistentemente as normas mínimas de qualidade. Esta missão toda cabe agora ao Ibrafe que assume,  perante a sociedade,  o desafio de diferenciar o presta e o que não presta nas gôndolas deste Brasil continental.

Enquanto fatos, como os descritos,  justificarem a determinação daqueles que tem responsabilidade junto à cadeia produtiva, a busca pelo respeito aos produtores, empacotadores e consumidores não irá terminar. E esse respeito aos brasileiros e à sua saúde,  depende não somente de nos indignarmos, mas de cada um de nós pergunte como eu posso contribuir.

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