As lavouras brasileiras de arroz irrigado estão expostas a ocorrência de diversas doenças. Entre estas, destaca-se a brusone, causada pelo fungo Pyricularia grisea, cujos danos em anos favoráveis a sua ocorrência podem comprometer até 100% da produção do arroz. Outras doenças fúngicas importantes na cultura do arroz são a mancha parda (Bipolaris oryzae), escaldadura da folha (Rhynchosporium oryzae), mancha estreita (Cercospora oryzae), mancha das bainhas (Rhizoctonia oryzae), queima das bainhas (Rhizoctonia solani), cárie do grão (Tilletia barclayana) e falso carvão (Ustilaginoidea virens).
O tratamento de lavouras de arroz, com o uso de fungicidas, apresenta relação direta com a produtividade e qualidade dos grãos, sendo que ao longo da última década foi observado o aumento da área tratada no Estado do Rio Grande do Sul, que passou de 50.000 ha em 2003 para 830.000 ha em 2008. Esta expansão se deve, em parte, à ocorrência de epidemias de cárie do grão, a partir da safra 2003-2004, resultando em algumas regiões perdas de até 60% na produtividade de arroz. Este aumento da área tratada com fungicidas demonstra a confiança dos produtores no uso destes produtos, uma vez que houve um decréscimo na ocorrência de epidemias de cárie no Estado desde a safra 2007-2008.
A utilização de fungicidas via foliar deve ser de forma preventiva, o que proporciona um melhor controle da doença quando há histórico de ocorrência na área, quando a cultivar for suscetível ou quando as condições climáticas forem favoráveis ao desenvolvimento da doença. Para a aplicação preventiva de fungicidas deve-se levar em consideração a previsão de ocorrência de chuvas na região, a época de semeadura, origem das sementes, tipo e quantidade de fertilizante utilizado; assim, dependendo destes fatores, podemos prever um risco alto ou baixo de ocorrência de doenças na área. Na presença de alta pressão de inóculo na lavoura recomenda-se a realização de até duas aplicações de fungicida, sendo a primeira no estágio final do “emborrachamento” e a segunda no intervalo de 15 dias. Em áreas onde a brusone acontece mais cedo, como é o caso do litoral catarinense, pode ser necessária uma terceira aplicação para o eficiente controle da doença. Quando as condições da condução da lavoura e o clima permitem uma baixa pressão de inóculo, recomenda-se a realização de apenas uma aplicação, no estágio final do “emborrachamento”.
Outro fator importante para o correto controle de doenças são as condições de aplicação. Na grande maioria das áreas de arroz irrigado, no Estado do Rio Grande do Sul, as aplicações são realizadas via aérea, com equipamentos diversos. Estudos realizados pelo Grupo de Estudos de Tecnologia em Aero-aplicação (GETA) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), nos últimos três anos, têm demonstrado que, independente do tipo de equipamento utilizado (bicos hidráulicos, atomizadores rotativos ou eletrostático), o resultado de penetração de gotas e cobertura das plantas mostra relação direta com as condições ambientais e de regulagem das aeronaves. Em decorrência destes estudos realizados, já existe uma recomendação da Comissão Técnica do Arroz, da Sociedade Sul Brasileira do Arroz Irrigado, para orientar técnicos e produtores quanto à melhor forma de aplicação de fungicidas.
Trabalhos realizados por órgãos oficiais de pesquisa, para avaliação de eficácia de diferentes princípios ativos, tanto para tratamento preventivo quanto curativo de doenças ocorrentes em lavouras de arroz do Rio Grande do Sul, mostraram diminuição da severidade destas doenças, com conseqüente aumento na produtividade e na qualidade de grãos de arroz. O fungicida BRIO® (Cresoxim-metílico + Epoxiconazole) mostrou eficácia no controle de importantes doenças, e a sua associação com o brusonicida triciclazol mostrou maior eficácia no controle da brusone.
Trabalho realizado pelo Departamento de Fitossanidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), avaliando 47 trabalhos científicos realizados entre os anos de 2000 e 2008 por pesquisadores da UFSM, UFRGS e Instituto Rio-Grandense do Arroz (IRGA), concluiu que o uso de fungicidas em arroz irrigado, independente do principio ativo ou da doença estudada, aumentaram em média 19% a produtividade. O incremento da produtividade equivale a um aumento de 26 sacos por hectare, que aos preços praticados em janeiro de 2010, resultariam em ganhos para o agricultor de R$ 780,00. Em termos de qualidade de grão, o uso do fungicida BRIO® proporcionou um acréscimo no rendimento de grãos inteiros, em relação ao tratamento testemunha não tratado, de 3,2 pontos percentuais, o que equivale, quando se considera o preço pago pelos engenhos, aumento na lucratividade do produtor.
Desta forma, é possível afirmar que a utilização de fungicidas, para controle de doenças na cultura do arroz irrigado é uma prática que tem sido utilizada pelos produtores de ponta, resultando em maiores ganhos em termos de rendimento e qualidade de grãos, quando na presença de pressão de doença, e qualidade de grãos quando a pressão de doença se mostra baixa na lavoura.
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