O Agronegócio passa por um período de alta prosperidade em termos de produção, exportação e lucro. Entretanto, nem todos os setores do agronegócio apresentam alto grau de integração e articulação como o complexo da soja, porém existem culturas e criações que apresentam alto grau de desarticulação, baixa integração. A ovinocultura é um desses setores.
O consumo individual de carne de ovino gira entre 0,7 e 1,5 kg por habitante por ano. Atualmente, o mercado é demandante, ou seja, tudo o que se produz tem escoamento praticamente garantido, seja o produto legalizado pela inspeção sanitária federal ou estadual como o abatido clandestinamente.
A estrutura e a formação do preço na ovinocultura também necessitam de uma maior transparência e publicidade. Isto é facilmente observado ao se verificar em um jornal de grande circulação ou pela internet, nos quais se encontra com certa facilidade, o preço ou a faixa de preços de uma arroba de boi, do quilo do suíno vivo ou ainda da saca de café de 60 kg. Entretanto com relação aos produtos derivados da ovinocultura não existe a mesma informação, o que gera risco de tendenciosidade ou favorecimento assimétrico aos intermediários que buscam altas margens, mais conhecidos como “atravessadores”.
O produtor também carece, seja individualmente ou em ações coletivas – como associações e cooperativas – de maior nível de capacitação, financiamento e gestão, favorecendo desta forma a redução dos custos de produção, aumento da escala de produção, comercialização conjunta (compras e vendas) e direcionamento estratégico para atender a demanda de mercado de forma regular (no prazo), suficiente (no volume) e satisfatória (na qualidade).
A produção de carne ovina é uma atividade que vem se desenvolvendo gradativamente no país, mudando o foco e crescendo em regiões onde antes esta atividade era insignificante, viabilizando sistemas de produção animal em pequenas propriedades e tornando-se mais uma alternativa de investimento no meio agropecuário.
O rebanho brasileiro diminuiu significativamente na primeira metade da década de 90, acompanhando uma tendência mundial, devido à grave crise que abateu o mercado da lã e, na Europa, em decorrência também do surgimento da Encefalopatia Espongiforme Bovina - EEB (mal da vaca louca). Houve uma forte retração na demanda mundial de lã, o que forçou os países produtores a reduzir seus rebanhos e modificar o perfil da produção, direcionando o sistema mais para a produção de carne, tornando-o mais flexível diante do mercado.
Nas regiões Sul e Nordeste estão os principais estados produtores de ovinos, com respectivamente, 28,03% e 58,55% dos 16,02 milhões de cabeças existentes no Brasil. A região Centro-Oeste, apesar de contar com apenas 6,2% do rebanho nacional, apresentou um aumento de mais de 59,47%% do seu efetivo de ovinos no decênio de 1996/2006. Com a análise destes dados, observa-se uma movimentação nacional no rebanho ovino, com um ligeiro declínio do tradicional reduto sulista e visível crescimento na região nordeste. Muito embora sejam esses os dados oficiais utilizados na maioria das avaliações nacionais, é bom que se registre, que estudo sobre a cadeia produtiva de caprinos e ovinos, levada a efeito em 2001 (Couto, 2001) deu conta que o rebanho nacional atingiu cifras de crescimento na ordem de mais de 35% nas regiões Norte e Centro-Oeste até a presente aquela data. Assim, muitas outras fontes estatísticas (EMATER, BANCO DO NORDESTE, BANCO DO BRASIL, etc.) apresentam seus próprios números, que apesar de constarem sempre com mesma tendência das acima citadas, apresentam números discrepantes.
Em razão dessa constatação acima, é oportuno registrar que urge maior mobilização por parte de Associações de Criadores, Secretarias de Agricultura Estaduais e seus órgãos responsáveis pelos levantamentos dos rebanhos, Instituições de Pesquisa e Extensão, Universidades, como também dos próprios Institutos que geram dados estatísticos, venham a somar esforços para que haja maior fidelidade desses indicativos, haja visto que basta um rápida pesquisa desses índices para verificar que há uma grande discrepância, e que passa necessariamente, pela fonte que levantou e tabulou tais dados.
O consumo de carnes e derivados no país é altamente favorável à bovinocultura, avicultura e suinocultura, no entanto, o mercado para pequenos ruminantes seja altamente comprador.
Segundo Couto (2001) o mercado de carne ovina é altamente comprador, fato que deve ser entendido sob o ponto de vista da oferta e procura, não deixando, no entanto, perder-se no horizonte, a questão da qualidade do produto, juntamente com oferta perene e características diferenciadas. Essas características, podem ser determinadas pela oferta de cortes de carnes a preços mais acessíveis ou pela elaboração de novos e exclusivos produtos. Destaca-se ainda que o consumidor atual de carne ovina possui alta renda e busca consumir um produto alternativo e diferenciado pelo sabor e qualidade, seja para consumo no lar seja nos restaurantes, hotéis e similares.
Desde os primórdios da civilização, o ovino é considerado uma espécie de grande importância, difundindo-se por diversos países do mundo, sendo mais de 800 raças manejadas nas mais diferentes formas e condições ambientais. A ovinocultura no Brasil sempre foi símbolo de subdesenvolvimento por ter sido desenvolvida e praticada em áreas marginais. Porém, essa visão vem mudando nos últimos anos, pois criadores e pecuaristas começam a enxergar nessa atividade uma alternativa de rápido retorno financeiro. Quando comparada com a pecuária bovina nacional, a ovinocultura não representa uma atividade significativa, mas constitui uma alternativa econômica, viável e sustentável na diversificação da produção, porém de forma desordenada, por vezes pontual, concentrando-se muito mais em pequenas propriedades, onde os rebanhos têm em média de 100 a 150 cabeças. Os investimentos que começam a ocorrer na ovinocultura se justificam pela boa receptividade que a carne de cordeiro tem tido em segmentos sofisticados como o da alta gastronomia, pois se trata de uma especiaria no mundo inteiro, e recentemente no Brasil. Além da carne, o leite e seus derivados, a pele, os miúdos e os demais subprodutos também apresentam potencial de negócios hoje não aproveitados integralmente.
A ovinocultura vem se destacando como atividade econômica em diversas regiões do país, onde o consumo e produç
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