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Segundo lugar em produção de ostras e mexilhões na América Latina, Santa Catarina atualmente é responsável por 95% dos moluscos bivalves consumidos em território nacional. No entanto, o descumprimento das exigências de certificação para exportação do produto inviabiliza a aceitação no mercado internacional. Em março de 2009, a implementação do projeto de controle higiênico-sanitário de moluscos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) deu início ao processo de busca pela excelência de qualidade no ramo.
Mestre em produção animal, o veterinário Robson Ventura de Souza coordena a iniciativa que entre outras frentes, promove monitoramento das marés vermelhas. O fenômeno natural de formação temporária das algas nocivas expõe a espécie à toxinas que podem tornar o consumo inadequado.
— Com esse trabalho, os moluscos que oferecem risco nem chegam ao consumidor. De São Francisco do Sul até Laguna são feitas coletas quinzenais de amostras em cerca de 40 pontos do litoral de Santa Catarina. O material é analisado em laboratório e os resultados são repassados ao Ministério da Pesca e Aquicultura, responsável pelo ordenamento da atividade — explica ele
Em cada município monitorado existe um técnico extensionista da Epagri que comunica aos produtores sobre a proibição. Deste modo, ostras e mexilhões são mantidos na água até que a ameaça desapareça. Parâmetros de ameaça à sanidade dos bivalves, como metais pesados e outras substâncias poluentes, também estão sendo observados. Os interessados também podem acessar as informações através do site da Epagri.
O projeto pretende transformar o maricultor em fiscal do meio ambiente. Uma pesquisa ainda não finalizada sobre a qualidade da água nos locais de cultivo revelou que a maioria das áreas em Santa Catrina ainda apresenta limites adequados. Por outro lado, ao comparar esses resultados com medições anteriores, o que se verifica é que a condição das águas está piorando.
Outro aspecto indispensável é a consolidação da produção certificada pelo serviço de inspeção. O intuito é incentivar os produtores catarinenses a investir num modelo agroindustrial, com beneficiamento adequado, embalagens lacradas e datas de validade.
— Os consumidores precisam estar certos de que estão levando para casa, um produto que não oferece perigo a sua saúde. Para extinguir a cultura que associa o produto a problemas intestinais, é preciso mudar essa realidade dos moluscos vendidos a granel, expostos em mercados públicos sem nenhuma medida de higiene — enfatiza o pesquisador
Começando pela busca de equivalência ao processamento da carne de ave, suína e bovina no Brasil, o viés do projeto é a expansão comercial, estimulando a produtividade, os lucros e o futuro reposicionamento dos moluscos brasileiros no mercado internacional.
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