O Manejo Integrado de Pragas (MIP), validado no final da década de 1970, pela Embrapa Soja e EMATER - PR, ainda é a forma mais eficiente de evitar os danos causados pelas principais pragas que geram prejuízos em produtividade e reduzir custos de produção para o sojicultor.
No entanto, pensando em manejo de lagartas, nos últimos anos ocorreram mudanças em relação à importância das diferentes espécies. A lagarta-da-soja (Anticarsia Gemmatalis) está deixando de ser a principal preocupação e outras lagartas como as falsas-medideiras (Pseudoplusia includens e Trichoplusia nii), Spodoptera frugiperda e Spodoptera eridania, lagarta-da-maçã-do-algodão (Heliothis virescens) e lagarta-enroladeira (Omiodes indicata), aumentaram muito de importância.
O uso crescente de fungicidas para o controle do complexo de doenças na cultura da soja também pode estar contribuindo para esta mudança no manejo e para o aumento das populações de algumas espécies de lagartas, visto que a ocorrência de Nomuraea rileyi, que era muito comum a partir do florescimento, está cada vez menor. Além disso, o papel exercido pelos inimigos naturais muitas vezes sofre interferência devido ao uso de inseticidas de amplo espectro, como os piretróides, principalmente na fase vegetativa.
A lagarta-da-soja, por ter o hábito de iniciar a se alimentar mais no topo das plantas é, sem dúvida, mais fácil de ser controlada por inseticidas. Já as demais lagartas atacam folhas do terço inferior e mediano das plantas (falsa-medideira), ou enrolam-se nas folhas (enroladeira), ou broqueiam ponteiros e vagens (Spodopteras e lagarta-da-maçã), sendo assim mais difíceis de serem atingidas pelos inseticidas. Geralmente necessitam então de aplicações de melhor qualidade, com inseticidas mais específicos e ou doses mais elevadas.
Portanto é de extrema importância realizar o manejo desde a dessecação, sendo que a realização da dessecação antecipada (acima de 15 dias antes da semeadura) auxilia na redução da população de lagartas devido à falta de alimento. O uso de inseticidas seletivos na dessecação também pode favorecer esta redução populacional, sendo muito importante a identificação das espécies presentes já nesta fase.
A próxima etapa é o tratamento de sementes, fundamental para o estabelecimento da cultura e garantir o stand desejado. Alguns produtos em tratamento de sementes também possuem o benefício de amplo espectro de ação, controlando inclusive lagartas na fase inicial da cultura, sem afetar inimigos naturais, são mais uma importante alternativa de manejo.
Na fase vegetativa, após o término do residual do tratamento de sementes, quando a entrelinha está bem aberta, deve se iniciar monitoramento de forma visual da presença de adultos e com pano-de-batida a população e espécies de lagartas e, caso haja nível de controle, é indicada a utilização de inseticidas mais seletivos, como os reguladores de crescimento (fisiológicos). Além de possibilitarem a preservação dos inimigos naturais, estes inseticidas também interrompem o processo de colonização da lavoura pelas lagartas, evitando um aumento populacional. É importante atentar que, ao eclodirem, as lagartas, em sua primeira fase, possuem cerca de 5 mm, passando para 9 mm em sua segunda fase e é nestas etapas que os reguladores de crescimento apresentam sua melhor eficiência, considerando que a lagarta-falsa-medideira atingirá 35 mm até o final da fase de desenvolvimento. Portanto, é fundamental a identificação das espécies e o nível populacional por meio do pano-de-batida.
No final da fase vegetativa e início da reprodutiva temos o último momento, ainda com a entrelinha da cultura mais aberta e a possibilidade de uma melhor cobertura de aplicação, principalmente no terço inferior da planta, onde é preciso ter atenção especial no manejo da lagarta-falsa-medideira. Portanto, novamente torna-se importante o monitoramento com o pano-de-batida e o uso de inseticidas que se adequem a esta n
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