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Fair Trade é um termo inglês que, em português, significa mercado justo. A certificação Fair Trade, bastante difundida nos países da Europa e América do Norte, ainda é novidade para muitos produtores aqui no Brasil. O certificado valoriza o café em até 70%, dependendo da safra, porque estabelece um preço mínimo pelo qual o café deve ser vendido e é um meio encontrado para inserir as cooperativas de pequenos produtores no mercado internacional, desenvolvendo as comunidades rurais. Somente agricultores familiares podem obter o certificado. Eles devem cumprir exigências que vão desde regras sobre o uso de pesticidas até a obrigação de os filhos estarem matriculados na escola. O gestor de projetos Juliano Cornélio, do Sebrae Minas Gerais, vai dar uma palestra sobre a certificação no 11° Agrocafé, em Salvador, que ocorre do dia 8 a 12 de março.
Enquanto uma saca de café normal custa R$ 270, os produtores com certificado Fair Trade recebem R$ 310 por saca. Sendo que os produtores de café orgânico Fair Trade ganham entre R$ 400 e R$450 por saca, porque o mercado americano consome todo o café orgânico Fair Trade produzido no Brasil. Os produtos com certificação Fair Trade são mais caros porque valorizam práticas ambientais e projetos sociais. De cada saca de café Fair Trade vendida, são destinados dez centavos de dólar para beneficiar a comunidade como um todo. Este dinheiro deve ser investido em melhorias e projetos sociais para a região.
O preço justo é o mínimo para cobrir a produção sustentável das cooperativas. São feitos estudos muito sérios com diversas variáveis por um instituto alemão, que determina um preço único para o mundo todo. No mercado Fair Trade, o preço varia em paralelo com o café commoditie. Quando o café commoditie sofre uma baixa, o Fair Trade assegura um preço mínimo e não deixa o valor cair tanto e quando o café commoditie está em alta no mercado, o Fair Trade também sobe. Com isso, os produtores de café Fair Trade ficam mais seguros contra crises no setor.
— Em Minas Gerais, o Sebrae tem um projeto chamado Comércio Justo e Responsabilidade Social, há dois anos. A primeira comunidade que obteve certificado Fair Trade no Brasil foi no município de Santana da Vargem, em Minas Gerais, no ano de 2004, mas, só em 2007, essa certificação começou a ser um pouco mais procurada por outras comunidades no país. Mesmo assim, poucos produtores conhecem o Fair Trade e seus benefícios. As comunidades de café Fair Trade em Minas Gerais, em 2009, atingiram uma marca de venda de 270 conteiners de café exportados para os EUA, com faturamento de aproximadamente R$ 30 milhões. Estimamos um crescimento nas vendas de 30% ao ano — explica Juliano Cornélio.
O Fair Trade é uma tendência mundial que também existe em várias outras culturas, como o açaí, o milho, a soja e até na indústria têxtil. O mercado não pára de crescer e é uma excelente oportunidade para produtores familiares que vão se destacar, ganhar mais e conseguir benefícios para a comunidade. No Brasil, a ideologia do Fair Trade ainda não é difundida e, como o produto é mais caro, o mercado interno ainda não absorve o café diferenciado. Toda a produção é destinada ao mercado externo.
O café Fair Trade é certificado por uma instituição na Alemanha e para obter a certificação é necessário cumprir alguns requisitos sociais e ambientais. Não há custo extra, apenas um cuidado maior com a produção. O foco central é desenvolver a comunidade rural.
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