A resistência de plantas daninhas a herbicidas é um fenômeno em evolução no Brasil e que afeta, além dos produtores, os demais profissionais ligados de alguma forma à agricultura, devido às dificuldades que ela proporciona no manejo dessas espécies e também pelo aumento dos custos de produção.
Em alguns casos, essa resistência pode inviabilizar o controle de plantas daninhas pelo uso de determinados herbicidas. Desse modo, há necessidade de implantação de outros métodos de controle que na maioria das vezes são menos eficientes, tornando o controle excessivamente oneroso. A falta de um produto substituto equivalente, tanto em eficiência quanto em custo e facilidade de aplicação, faz com que a resistência a herbicidas assuma ainda maior importância.
O azevém (Lolium multiflorum L.) caracteriza-se como a planta daninha comum no Sul do Brasil e tradicionalmente sensível ao glyphosate, herbicida de amplo espectro, utilizado há mais de 20 anos, para manejo da vegetação (dessecação) em pré-semeadura de culturas como a soja e o milho, e também em pomares, nas linhas de culturas como a maçã. No entanto, no ano de 2003, a ocorrência de plantas de azevém (Lolium multiflorum) que, após receberem o tratamento com glyphosate, não manifestaram sintomas significativos de toxicidade aumentou e plantas resistentes foram identificadas, principalmente no Rio Grande do Sul. Alguns estudos identificaram biótipos de azevém resistentes em pomares de maçã e em áreas manejadas com glyphosate para o plantio de soja e milho.
Na busca por alternativas para controle do azevém pesquisas realizadas na Embrapa Uva e Vinho e na Embrapa Trigo comprovam que o clethodim é uma excelente opção para manejo de azevém resistente e também de outras espécies de gramíneas (não controla folhas largas). Trata-se de um herbicida graminicida que age inibindo a enzima ACCase, com alta eficiência e controle acima de 95% sobre azevém, nos estágios de crescimento vegetativo pós-inicial e pós-tardio.
Entre outros benefícios de clethodim destaca-se que ele não apresenta residual no solo e dessa forma pode ser utilizado para controle de azevém antes da semeadura de culturas gramíneas como o trigo e o milho. Além disso, não possui ação sobre culturas e plantas daninhas dicotiledôneas. A degradação do clethodim no solo é rápida e ocorre por ação dos microorganismos, minimizando a lixiviação e a contaminação ambiental, principalmente da água. As formulações atualmente disponíveis têm o objetivo de acelerar a absorção pelas plantas, reduzindo, dessa forma, a fotodegradação. O uso de adjuvantes e boa cobertura foliar são muito importantes para a boa absorção do clethodim.
Para o satisfatório desenvolvimento das lavouras é imprescindível que as plantas daninhas sejam efetivamente eliminadas. Sendo assim, o investimento em novas tecnologias e o aperfeiçoamento de produtos já existentes contribuem com o produtor rural, a medida que estimulam o aumento da produtividade e, consequentemente, dos lucros. Neste caso, clethodim age com eficiência sobre a maioria das gramíneas, controlando o azevém em todos os estágios e apresentando excelente relação custo X benefício.
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