Atualmente, o Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo e é o maior exportador de carne bovina. Entretanto, a bovinocultura de corte tem sofrido diversas pressões no sentido de aumentar a eficiência produtiva e, consequentemente, o fornecimento de alimentos para a população mundial. Assim, ocupamos a segunda posição em relação à produção global de carne bovina, devido a uma baixa taxa de desfrute (produção do rebanho dentro de determinado período), quando comparada aos principais produtores mundiais.
Ao analisarmos o sistema de produção de bovinos de corte, a lucratividade está diretamente ligada à eficiência reprodutiva. O rebanho brasileiro é composto por 199.752.016 animais (FAO, 2009) e tem, aproximadamente, 57 milhões de fêmeas bovinas de raças de corte em idade reprodutiva com 40 milhões de bezerros nascidos (ANUALPEC, 2008). Portanto, caracteriza-se um intervalo entre partos de, aproximadamente, 17,15 meses ou a produção de 0,7 bezerros/vaca/ano. Adicionalmente, o valor de mantença de vacas de corte é de cerca de R$ 21 por mês. Então, uma vaca de corte, que apresenta intervalo entre partos de 17,15 meses, custa em torno de R$ 360/bezerro nascido.
Os índices reprodutivos de pecuária brasileira ainda são deficientes, ou seja, possuímos alto intervalo entre partos, baixas taxas de serviço e de concepção que interferem diretamente na taxa de prenhez e influenciam na reduzida taxa de desfrute. Sendo assim, para se obter o máximo desempenho reprodutivo (um bezerro por matriz por ano) e, consequentemente, produtivo, deve-se atentar às limitações impostas à eficiência reprodutiva que prejudicam a taxa de prenhez do rebanho. Essas limitações referem-se às falhas na detecção do estro e ao anestro pós-parto. Ainda tendo em vista que o período de gestação médio é de 290 dias, o período de serviço é de, no máximo, 75 dias para se obter uma máxima eficiência reprodutiva. Entretanto, pesquisas mostram que no pós-parto apenas 20% das fêmeas têm capacidade de se reproduzir espontaneamente em virtude do anestro (MENEGHETTI et al., 2005a; PERES et al., 2007). Assim, a concepção leva mais tempo para acontecer, aumentando o período de serviço e, consequentemente, o intervalo entre partos.
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"a lucratividade está
diretamente ligada
à eficiência reprodutiva"
José Ricardo G. de Maio
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Devido a todas essas limitações, tornou-se de grande interesse econômico o desenvolvimento da biotecnologia reprodutiva de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), que busca sincronizar a onda de emergência folicular e a ovulação por meio de protocolos hormonais, sem a necessidade de detecção de cio. Sendo assim, estudos conduzidos com rebanho de corte observaram uma redução média no intervalo entre partos de 30 dias, com um acréscimo de 8% no número de bezerros produzidos ao final da estação de monta (BARUSELLI, 2004; PENTEADO et al., 2005). Com base nesses estudos, observa-se uma redução de R$ 21 no custo de mantença/bezerro produzido (30 dias de antecipação da concepção). Ainda temos um incremento adicional na receita de R$ 40 (8% de R$ 500), totalizando mais de R$ 60/vaca tratada.
Além desse efeito direto sobre a produção de bezerros e a redução do período de serviço, outros benefícios pelo uso da IATF podem ser mensurados. Pelo fato de poder produzir um maior número de bezerros de inseminação artificial, a qualidade da desmama é superior quando comparada com a produção por monta natural. Outro fator interessante na questão da produção de bezerros é o fato de podermos concentrar os nascimentos nas épocas de maior oferta de alimentos, aumentar o peso e a desmama. Estudo realizado com dados controlados pela ABCZ e mais de 700 mil bezerros apontou um valor médio de 15 quilos a mais para os bezerros nascidos.
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