Monitoramento das lavouras de soja revela que a ferrugem asiática, uma das mais severas doenças que atingem esta cultura, já chegou às principais regiões produtoras no Brasil neste início de safra. Segundo levantamento do Consório Antiferrugem, sistema de alerta da Embrapa Soja, até o momento foram identificados mais de 100 focos de ferrugem de soja em plantações de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Pesquisadores alertam para a previsão de alta incidência na safra 2009/2010 e a necessidade de manejo adequado para a prevenção e o controle da doença. De acordo com a Embrapa Soja, desde a primeira constatação do problema, em 2001, a ferrugem de soja gerou prejuízos de mais de US$ 13 bilhões aos agricultores brasileiros.
Em condições climáticas favoráveis de desenvolvimento e na ausência de controle, a ferrugem asiática pode causar danos de até 90% no cultivo de soja. Para Cláudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja, a preocupação é que embora tenha sido realizado o vazio sanitário nos Estados, o inverno desse ano foi muito chuvoso, o que favoreceu a sobrevivência de soja voluntária e com os inoculos da ferrugem. “Nas safras anteriores o inverno seco colaborou para a redução do inóculo do fungo na entressafra, o que não aconteceu neste ano”, diz. Segundo a pesquisadora, os primeiros relatos em lavouras comerciais foram feitos cerca de um mês antes das safras anteriores. “A ferrugem foi observada já nas primeiras lavouras em florescimento, o que pode aumentar bastante o inóculo para os produtores que atrasarem o plantio”, explica Cláudia. Os primeiros focos foram identificados no mês de setembro, sendo a manifestação mais precoce da doença desde as últimas safras.
O mapeamento indica que a ferrugem da soja será mais agressiva na safra 2009/2010, pois a doença é favorecida por chuvas distribuídas em diversas regiões. “A previsão do fenômeno meteorológico El Niño, que se caracteriza por maior precipitação de chuvas, principalmente na região Sul, é outro fator que pode tornar a doença mais severa”, informa.
A pesquisadora explica, ainda, que o problema da ferrugem é que nenhuma safra é similar a outra, e muitas vezes, após algumas colheitas com baixa agressividade da doença, o produtor descuida-se e se esquece do seu potencial destrutivo. “Fungicidas estão disponíveis, mas o momento correto da aplicação é um dos fatores essenciais para um controle eficiente”, ressalta. A recomendação é que o sojicultor monitore a cultura e fique atento às demais lavouras da região, pois o fungo causador da doença dissemina-se facilmente pelo vento.
Conforme demonstrado em estudos recentes do Base Line, programa desenvolvido pela Bayer CropScience para o monitoramento da sensibilidade do fungo da ferrugem da soja a fungicidas, outro aspecto que preocupa os pesquisadores é o fato da nova ferrugem asiática estar menos sensível a alguns fungicidas. Ao contrário de safras passadas, o uso de fungicidas como método de aplicação curativa não apresenta mais sucesso. Sendo assim, não existem mais produtos para este fim disponíveis no mercado. Por isso, o uso de soluções para o controle da ferrugem da soja passa a ser unicamente preventivo e, devido a menor sensibilidade do fungo, os intervalos de reaplicações passam a ser menores. Consequentemente, o número de aplicações pode ser maior nesta safra em relação as safras anteriores.
Os fungicidas mais eficazes para a prevenção e o controle efetivo da ferrugem da soja são agora apenas aqueles à base de mistura de triazóis e estrobilurinas, conhecidos como "misturas". Entre as opções disponíveis no mercado estão o Sphere Max, recomendado para o manejo das doenças da soja na região Sul do País, e o Nativo, indicado para a região Centro-Oeste, ambos da Bayer CropScience.
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