Com o ambiente climático alterado, por conta do aquecimento global, o tempo não se comporta mais com a estabilidade que se espera para uma produção segura. As estações do ano mudaram e os fenômenos da natureza têm se intensificado. Em 2001, por exemplo, tivemos secas severas na Região Sudeste, obrigando a economia de água e energia elétrica. Em 2007 foi a vez da Amazônia, onde vimos seus rios e aguapés secarem. E recentemente, ainda em 2008, tivemos uma série de inundações e deslizamentos em Santa Catarina, como resultado de um fenômeno atmosférico jamais visto antes.
Por estes motivos, o uso da meteorologia tornou-se essencial também para que a “máquina” do setor sucroenergético se mantenha viável. Os dados meteorológicos permitem o planejamento da cultura, mesmo em períodos instáveis, oferecendo informações que permitem quantificar e reduzir perdas. No plantio, saber o regime das águas facilita a rebrota da cana. Conhecer a temperatura do dia e da noite e a periodicidade da radiação solar também ajudam na produção, pois interferem diretamente na capacidade da planta em acumular sacarose, matéria-prima para o álcool, e no ciclo da planta, aumentando a lucratividade final. Outro parâmetro relevante é conhecer as condições do vento. É possível saber quando e quanto aplicar de defensivos químicos na cultura canavieira com o auxílio de dados sobre a velocidade e a direção dos ventos, economizando insumos. No solo, informações sobre umidade, associados à textura e fertilidade, contribuem para adequar a plantação. Durante uma chuva, o solo argiloso retém as gotas de água por mais tempo, favorecendo a formação de lama, que sob o trânsito de máquinas agrícolas compacta o solo, grande inimigo da agricultura, porém ela é muito mais fértil e a água é armazenada de modo seguro. O solo arenoso, por sua vez, é mais fácil de trabalhar, mas não possui as propriedades de absorção de nutrientes e água, o que gera riscos de queda de produção em veranicos e os nutrientes devem ser aplicados com maior periodicidade. Conhecendo a umidade do solo é possível adaptar estas situações da melhor forma possível.
Por isso, a implantação de estações meteorológicas permite um melhor planejamento do cultivo, por acompanhar essas variações do clima e, consequentemente, otimizar o manejo da cultura. Com estes equipamentos é possível a obtenção e a formação de um banco de dados com informações sobre precipitação, direção e velocidade do vento, umidade do solo, entre outros, diariamente. Este monitoramento assegura resultados eficientes para os cuidados com a cultura, além de possuir sistemas de alerta sobre vulnerabilidade a doenças e eventos climáticos extremos, como temporais, geadas, seca e veranicos. A estação meteorológica trabalha no sentido de manter estes históricos do tempo e evitar os efeitos negativos das mudanças no clima e da ocorrência de seus fenômenos. É preciso lembrar sempre que a agricultura é um grande jogo de azar, onde a sorte, chamada clima, muitas vezes joga contra. Cabe ao agricultor compreender esse jogo, tão presente nesta atividade (uma das de maior dependência da meteorologia), e aplicar em seu processo produtivo o conhecimento dos dados meteorológicos para uma produção mais rentável e segura.
Até o momento, a produção de energia elétrica e a geração de combustíveis a partir da cana-de-açúcar têm impressionado países vizinhos e atravessado continentes. O álcool e seus subprodutos estão sendo apontados pelos especialistas, como uma chave que desbloqueará os entraves da geração de energia e combustíveis, se não no mundo todo, ao menos no Brasil e em alguns outros países. Poucos recordam da desconfiança internacional, de quando o País deu início a um programa nacional que visava substituir os derivados do petróleo por álcool combustível, em razão da crise de 1973. Atualmente, o álcool é vital para o País, por gerar cerca de 3% da energia elétrica e se equiparar ao consumo da gasolina. Grupos internacionais cada vez maiores investem em nossas usinas e estruturam-se para o controle dessa energia no mundo.
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