Em 2009, tivemos um mercado de milho onde as percepções foram as mais variadas, já que apenas poucos conquistaram boa lucratividade, e para isso, foram dois os pré-requisitos: a conquista de altas produtividades e trabalhar o conceito de Margem.
Como não poderia ser diferente, a história tem provado e comprovado que só alcançando altos rendimentos é que minimizamos as flutuações e a volatilidade de preços, principalmente para o mercado de milho que possui duas grandes safras dentro do mesmo ano. Assim, na safra de verão, a meta deve ser sempre atingir produtividades superiores a 145 sacas por hectare, conquista factível para todas as regiões milhocultoras do Brasil, pois nas áreas de maior vocação produtiva já são conquistadas produtividades superiores a 200 sacas por hectare, mesmo em condições de sequeiro. E, para a safrinha, os fundamentos são os mesmos, mas por motivos óbvios, as expectativas são menores e os melhores rendimentos situam-se na faixa dos 80 a 90 sacas por hectare, mesmo sabendo que em regiões como Mato Grosso e Goiás já se atinge produtividades superiores a 110 sacas por hectare de média em áreas extensas e, casos excepcionais, de 130 sacas por hectare como vimos na safrinha 2009 no MT.
Tratando a lavoura como uma unidade de negócios, é fundamental que a especulação seja mínima e a tentativa de acertar o pico de preços seja abolida, pois a história prova que este método por tentativa tem sido extremamente perigoso e punitivo para a maioria dos produtores, pois dentro de um cenário pautado pela volatilidade e recheado de inúmeras variáveis, é praticamente impossível comercializar 100% da safra no pico de preços. Assim, é fundamental ter uma precisa planilha de custos para se estabelecer a margem a ser conquistada, e após um criterioso acompanhamento de mercado, definir o momento de liquidar posições.
Agora, olhando para a safrinha 2010, precisamos perceber o mercado de milho dentro de uma visão mais ampla, avaliando o cenário nacional e mundial para tomarmos a decisão mais acertada e, dentro desta ótica, veremos que as expectativas são bem mais animadoras do que esta última. Vamos destacar os 10 pontos principais que irão nortear a safrinha em 2010:
- O Brasil está plantando a menor área de milho desde a década de 60, pois foi em 1966 a última vez que o país plantou uma área de milho inferior a 9 milhões de hectares. Segundo dados do USDA (United States Department of Agriculture), CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) e MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o Brasil deve plantar, no máximo, 8,4 milhões de hectares na safra verão 2009/2010;
- Mesmo com as exportações reprimidas em 2009 pelo câmbio desfavorável, onde deveremos totalizar, no máximo, 7,5 milhões de toneladas, nosso estoque de passagem está estimado pelas consultorias em, aproximadamente, 6 milhões de toneladas, o suficiente para um consumo de, no máximo, 45/50 dias, o que nos sinaliza que, em meados e até o final de fevereiro de 2010, poderemos ter problemas de desabastecimento em virtude da forte retração na área da safra verão do Sul e Sudeste do país, o que pode promover uma elevação significativa nos preços;
- O segundo semestre de 2009 teve forte redução nos custos de produção, principalmente quando avaliamos os fertilizantes, que puxados pelos nitrogenados apresentou reduções superiores a 45%. Assim a cultura do milho, que responde muito ao uso de nitrogenados, torna-se a grande favorecida e todas as consultorias já apontam para uma redução de, pelo menos, 15% no custo total de produção para safrinha 2010;
- A alta disponibilidade de híbridos de alta tecnologia, associados às novas tecnologias e o uso associado de fungicidas e Tratamento Industrial de sementes para controle de sugadores propicia maior proteção da lavoura e produtividades ainda maiores na colheita;
- O Brasil já se consagrou como o país que adotou com maior velocidade a Tecnologia Bt. Estima-se que a próxima safrinha terá, no mínimo, 50% de adoção e muitas regiões com índices superiores a 70%. Isto já é uma garantia de maior proteção contra ataques de lagartas e melhor qualidade de grãos, o que promove maior segurança quanto à produtividade almejada;
- Os estudos climáticos indicam para uma forte expectativa de aparecimento do fenômeno El Niño, o que sinaliza maiores precipitações pluviométricas e melhores chances de altas produtividades, o que significa um incentivo à adoção de maior tecnologia;
- A Argentina estará plantando a menor área de milho desde 1991, estimando-se uma área de, no máximo, 2 milhões de hectares;
- Os EUA estão colhendo em 2009 a segunda maior safra de milho da sua história, estimada em 329 milhões de toneladas. Mas, o fato de maior destaque é que os americanos estão com o maior consumo de milho de toda a sua história: devem totalizar uma demanda superior a 331 milhões de toneladas. Assim, a relação estoque/ consumo será reduzida de 14,1% para 12,6% no maior produtor mundial de milho;
- Em 2009, os EUA devem utilizar o volume recorde de milho para etanol, chegando a 104 milhões de toneladas. Assim atende às exigências impostas pela Lei definida ainda no governo Bush, assinada em dezembro de 2007 (Energy Independence and Security Act of 2007), e que estabelecia um percentual mínimo de 10% de mistura de etanol em toda gasolina consumida. Está tramitando no Congresso americano uma proposta de aumento deste percentual mínimo para 15% já em 2010. O governo Obama já admite, pelo menos, uma elevação para 12%, o que sinaliza forte in
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