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Seis vinícolas da região de Pinto Bandeira, no Rio Grande do Sul, obtiveram uma conquista que pode alavancar o agronegócio gaúcho. Ainda esse ano os produtores receberão a Indicação de Procedência, um respaldo internacional de reconhecimento dos seus produtos. Até então o Vale dos Vinhedos, também no RS, era a única região no País que contava com essa chancela. Na prática, a indicação vai agregar valor à comercialização de vinhos e espumantes, funcionando como um instrumento para o desenvolvimento da produção, da cultura e até do turismo local.
A Indicação de Procedência é uma modalidade de proteção intelectual que garante aos produtores o direito de uso exclusivo do nome geográfico associado a vinhos e espumantes. No Brasil, o órgão responsável pela concessão do registro é o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), que deu parecer favorável à indicação de Pinto Bandeira na última segunda-feira, dia 28. Na opinião de Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e coordenador do processo de concessão da IP, o reconhecimento é uma resposta à tradição e às originalidades da vitivinicultura gaúcha.
— A história da produção de uvas e vinhos na região começa em 1877, dois anos após a chegada dos italianos. Desde então, desenvolveu-se toda uma tradição de produção de uvas marcada por vinicultores que dedicaram gerações e gerações à consolidação dessa atividade. Agora, essa conquista vai suscitar não apenas o desenvolvimento da qualidade de vinho, mas do próprio território, da paisagem, da cultura local e de todo um projeto de turismo — comemora Tonietto.
Na prática, a Indicação de Procedência exige dos produtores o amadurecimento das técnicas de forma a garantir um padrão mínimo de qualidade dos produtos. Os vinicultores, que seguiam suas próprias políticas de desenvolvimento dos negócios, passarão a tomar decisões coletivas, baseadas em um regulamento que estabelece as maneiras de produzir, as qualidades dos produtos e as formas de protocolar cada ação. É um processo que torna maior e mais rígido o autocontrole dos associados que, nesse caso, compõem a Asprovinho (Associação dos Produtores de Vinhos de Pinto Bandeira).
— É uma nova filosofia de produção que tem como objetivo assegurar ao mercado consumidor padrões de qualidade muito identitários e que precisam ser cumpridos. Agora, os produtores terão um trabalho coletivo de valorização dos produtos da região, o que oferece a eles as possibilidades de se beneficiar da produção de vinhos de qualidade e agregar valor, conquistando o consumidor brasileiro para as excelências do produto nacional, que não são poucas — explica.
A vinicultura de Pinto Bandeira, em função do clima ameno, tem ciclos mais longos e maturação mais tardia, o que oferece um diferencial às uvas locais. Uma particularidade da região é o cultivo de uvas brancas para a produção de espumante de alta qualidade. Devido às características de clima, altitude e cultivares selecionadas, os produtos apresentam equilíbrio entre o doce e a acidez dos vinhos.
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