Uma visão consensual a cerca do futuro da pesquisa agropecuária brasileira e da produção de alimentos foi debatida durante o workshop “Agronomia no desenvolvimento econômico e social do Brasil”, realizado no último dia 16 de outubro na Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG). Três especialistas apresentaram conclusões comuns de que será preciso produzir mais com menos recursos, e sobre a necessidade de o Brasil não interromper os investimentos em ciência, tecnologia e inovação.
“Estamos no início da conquista de uma agricultura tropical sustentável e os recursos em pesquisa não podem ser interrompidos”, enfatizou o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli. “Nosso País é mundialmente reconhecido pela capacidade de produzir até três safras por ano. A Integração Lavoura-Pecuária é outro exemplo bem-sucedido sobre como produzir diversas culturas numa mesma área e recompor água. A continuidade dos investimentos em instituições de CT&I é essencial para a segurança nacional”, disse Paolinelli.
Ainda segundo ele, se fomentados projetos na área de irrigação racional, o Brasil poderá se consolidar como produtor de até três safras anuais. “Teremos a primeira safra garantida, a segunda também e a terceira viável. É com conhecimento que vamos fazer isso, a exemplo de tecnologias que possam reter a água das chuvas e reabastecer os lençóis freáticos, como as barraginhas, e devemos estudar mais nossos aquíferos, analisando futuras possibilidades de aproveitamento. Minha visão é que cérebros não podem ser esquecidos”, concluiu.
Rui da Silva Verneque, presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), traçou uma análise conjuntural sobre os futuros cenários da agricultura. Segundo ele, o aumento da demanda pela produção de alimentos, aliado à escassez de mão de obra e às grandes restrições relacionadas à expansão de terras cultiváveis e aos recursos hídricos, será um dos principais desafios. “A necessidade é o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas aos diferentes biomas e resistentes a pragas e doenças, além de uma maior eficiência dos genótipos frente às mudanças climáticas”, antecipou.
A nova Revolução Verde virá da ciência e tecnologia
Rubens Augusto de Miranda, pesquisador da área de Economia Agrícola da Embrapa Milho e Sorgo, também reforçou que será necessário produzir com maior eficiência diante dos cenários de escassez, fazendo uma analogia a uma afirmação do pesquisador Eliseu Alves, da Embrapa: “o Brasil já foi parecido com a África de hoje: crise na produção de alimentos, preços elevados”. “Para ser possível, a nova Revolução Verde se dará por conhecimento em ciência e tecnologia”, enfatizou Miranda, corroborando a conclusão de que somente com investimentos em pesquisa será possível ao País ter suficiência em alimentos, água e biocombustíveis.
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