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     21/11/2024            
 
 
    

Com a meta de aumentar a produção de amêndoa de cacau no Brasil, a Ceplac (Departamento da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está implementando um programa de melhoramento genético para combater doenças conhecidas, como a vassoura de bruxa e a podridão parda, e impedir a entrada de outras, como a monilíase.

A monilíase, uma ameaça potencial a 80 quilômetros da fronteira brasileira, já é registrada na Bolívia e no Peru e em outros países da América do Sul. De acordo com o pesquisador Uilson Vanderlei Lopes, do Centro de Pesquisas do Cacau da Ceplac, esta doença é uma ameaça à cacauicultura brasileira. “É a grande preocupação do momento dos pesquisadores e cientistas, principalmente, do Cepec/Ceplac localizado em Ilhéus (BA)”. A monilíase ataca o fruto, afetando diretamente a produção e chegando a causar perdas de até 90%.

A propagação da doença por esporos do fungo é facilitada pois os esporos podem permanecer viáveis por até seis meses, mesmo com umidade relativa do ar muito baixa. “A facilidade de disseminação dos esporos é muito grande.

Basta um turista ter visitado plantações de cacau em países vizinhos e infectar as lavouras aqui, ocasionando prejuízos econômicos aos cacauicultores brasileiros”, ressalta o especialista da Ceplac. Os cacauicultores da Bahia já sofreram nos anos de 1989 com a chegada da vassoura de bruxa nas fazendas do sul da Bahia. Muitos perderam as plantações e estão em situação de endividamento com instituições financeiras.

A execução de um ambicioso programa de melhoramento genético, em parceria com instituições de pesquisas nacionais e internacionais, coordenado pela Ceplac e considerado nos meios científicos o maior e mais efetivo para o melhoramento genético da cacauicultura começa apresentar resultados.

Dentre esses resultados, se destacam a identificação de dezenas de novas fontes de resistência à vassoura de bruxa e outras doenças de diferentes origens (Amazônia Brasileira, Peru, Equador, Colômbia, América Central etc.), além da constatação da ampla diversidade genética entre elas.

Foram introduzidas centenas de genótipos coletados em áreas de dispersão natural da espécie ou selecionados em áreas comerciais e programas de melhoramento de outras regiões produtoras, incluindo genótipos resistentes à monilíase, importante doença que pode chegar ao país.

Houve a compreensão da eficiência evolutiva do agente causal da vassoura de bruxa e o principal mecanismo desta evolução e foi identificada a ocorrência de diferentes genes relacionados à resistência a essa praga. E comprovação de que diferentes genes associados ampliam a durabilidade de resistência. Essa constatação é primordial, tendo em vista a eficiência evolutiva do agente da vassoura de bruxa.

Ficou constatado também que a associação entre resistência a diferentes doenças: vassoura, podridão parda e monilíase, que podem permitir a seleção indireta para patógenos ainda não presentes no Brasil. Isso também vem sendo investigado mediante seleção genômica e assistida por marcadores moleculares.

Para o pesquisador do Cepec, a pesquisa genética da Ceplac trará ainda benefícios, como a alta produtividade e a melhoria da qualidade da amêndoa do cacau.

Na avaliação da Coordenação Técnica-Científica, com os resultados da pesquisa serão estabelecidas as bases para a geração de novas variedades clonais para se somar àquelas já recomendadas da Ceplac, com resistência e produtividade asseguradas. “Com isso, transmitimos segurança aos investidores na cacauicultura e aos produtores rurais quanto à viabilidade econômica do cacau por décadas”.

“Queremos voltar a ser um grande produtor no futuro e beneficiar as amêndoas aqui para sermos grande exportador de chocolate”, afirmou. Atualmente, segundo informação da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), o Brasil importa aproximadamente 60 mil toneladas de amêndoas de cacau para atingir a sua capacidade máxima de processamento.

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