|
|
Cristina Tordin, Embrapa Meio Ambiente
22/09/2017
|
Carregando...
As terras onde predominam solos arenosos distribuem-se em extensas áreas em todas as regiões do Brasil. O uso desses solos na agricultura tem efeito sobre suas características e atributos. Uma equipe da Embrapa avaliou essas consequências em uma área localizada em uma propriedade agrícola em Guaraí, TO, com amostras coletadas em 18 trincheiras para analisar a textura, a estabilidade dos agregados, o grau de floculação das argilas, a porosidade, a densidade, a condutividade hidráulica saturada, a infiltração e a retenção da água pelo solo.
Os solos avaliados não apresentam nenhum dos parâmetros físico hídricos abaixo dos valores limites de degradação física. A variação da porosidade funcional (macroporosidade) entre as áreas de soja e Cerrado é bem marcante, assim como a variação da condutividade hidráulica saturada no Cerrado. “Como o movimento da água no solo é dependente da sua estrutura e como a porosidade do solo é determinada pela forma como se arranjam suas partículas sólidas, observou-se que a granulometria da fração areia é um dos fatores importantes para a compreensão de seu comportamento, explica a pesquisadora Heloísa Filizola, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP).
“A argila aumenta em profundidade em todos os pontos amostrados e diminui, de maneira rápida, ao longo da vertente, dos pontos de cotas mais altas, para as mais baixas. A variação do teor de argila tanto pode estar correlacionada à sua migração e acúmulo em profundidade, como à variação granulométrica do material de origem. Como o grau de floculação é alto, a hipótese de migração da argila em profundidade não se sustenta, assim, essa variação é de origem geológica, ou seja, a rocha sedimentar a partir da qual o solo se originou possui camadas arenosas intercaladas a outras mais argilosas, diz a pesquisadora.
O solo, quando não revolvido, como aqueles sob Cerrado, mantém o sistema radicular conservado influenciando positivamente em sua agregação, na manutenção da porosidade, na aeração e na condutividade hidráulica.
Outra das conclusões geradas pelo trabalho é que ainda não existe conhecimento suficiente para o entendimento da influência da densidade do solo na natureza do sistema estrutural dos poros, já que apesar da forte correlação entre densidade e macroporosidade nos solos do Cerrado, os valores encontrados para a condutividade hidráulica são conflitantes.
“A partir disso, podemos concluir que as avaliações rotineiras sobre a qualidade física de um solo indicam que existe uma lacuna muito grande ainda no conhecimento do funcionamento da água nele”, enfatiza Heloisa.
Com a modificação da porosidade provocada pelo uso do solo, a condutividade hidráulica saturada também se modificaria, mas a magnitude destas modificações estruturais ocasionadas pelo manejo depende da frequência das operações de práticas agrícolas superficiais e subsuperficiais no solo.
Acesse o Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 72.
Heloisa Filizola, Ademir Fontana e Guilherme Donagemma, da Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ), Manoel Dornelas de Souza (Embrapa Meio Ambiente), Elisandra Bortolon e Leandro Bortolon, da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas, TO).
|