|
|
Guilherme Viana, Embrapa Milho e Sorgo
30/11/2015
|
Carregando...
Técnicas empregadas no MIP (Manejo Integrado de Pragas) com ênfase em controle biológico deverão ser transferidas pela Embrapa para municípios associados a duas instituições da região Central de Minas Gerais, a Cooperativa dos Produtores Rurais de Abaeté e o Sicoob Credioeste. O trabalho teve início na safra 2014/2015, quando Unidades de Demonstração foram instaladas no município de Abaeté para a apresentação de cultivares de milho e sorgo para silagem. “A próxima etapa será o uso de técnicas de controle biológico de pragas nas lavouras”, explica o engenheiro agrônomo da Embrapa Produtos e Mercado Sinval Lopes.
Na região, a pecuária leiteira é uma das atividades predominantes. “O uso de boas práticas agrícolas, de acordo com os princípios da produção integrada, tem identificado possibilidades de otimização no uso de insumos, como os fertilizantes e defensivos, com consequente redução do custo de produção, sem perda de produtividade. Isso significa maior rentabilidade para o agricultor e melhoria da qualidade ambiental”, explica Sinval Lopes. Dessa forma, tecnologias foram reunidas em um projeto com o objetivo principal de aumentar o volume e a qualidade do leite produzido. Os municípios contemplados são: Abaeté, Biquinhas, Cedro do Abaeté, Dores do Indaiá, Estrela do Indaiá, Martinho Campos, Morada Nova de Minas, Paineiras e Quartel Geral.
A equipe da Embrapa irá transferir tecnologias relacionadas aos seguintes temas: promoção e desenvolvimento de cultivares de milho e sorgo para silagem; clima e agricultura; manejo e conservação de solo; barraginhas; correção do solo e adubação; integração lavoura-pecuária; manejo de pragas e de doenças; regulagem de implementos agrícolas; e legislação (Novo Código Florestal, Áreas de Preservação Permanente e Cadastro Ambiental Rural). “Um conjunto de atividades será colocado em prática, sendo que a metodologia é procurar estabelecer um fórum contínuo de discussões e aprendizado”, pondera o gerente do Escritório de Sete Lagoas da Embrapa Produtos e Mercado Reginaldo Resende Coelho.
Todas essas diretrizes estão reunidas em um contrato de parceria técnica elaborado pela Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Produtos e Mercado e instituições parceiras. O plano de trabalho prevê também a implantação de unidades de referência técnica e a possibilidade de implantação futura de biofábricas na região. Sobre essa fase, os técnicos da cooperativa de Abaeté, além de representantes da Cooperativa Agropecuária de Pompéu e do Sicoob Credioeste, visitaram o Laboratório de Criação de Insetos da Embrapa Milho e Sorgo, em novembro, para conhecerem o processo de multiplicação de inimigos naturais das pragas do milho e do sorgo a partir do uso de Trichogramma, vespinha que atua como inimigo natural de lagartas. O processo foi apresentado pelo pesquisador Ivan Cruz, do Núcleo de Fitossanidade e Armazenamento.
Entenda como age o Trichogramma
O Trichogramma é considerado um inimigo natural da lagarta-do-cartucho e da lagarta-da-espiga, pragas que atacam as lavouras de milho. As vespinhas parasitam ovos de lagartas. Segundo o pesquisador Ivan Cruz, parasitoides exclusivos de ovos, ou seja, os que atuam somente nessa fase da praga, são considerados os mais importantes agentes de controle biológico. Primeiro, por evitarem que a praga provoque qualquer tipo de dano à planta. Segundo, por serem facilmente criados em larga escala (por biofábricas) para serem liberados no campo.
Trichogramma spp.
São insetos muito pequenos, com dimensões inferiores a 1 mm. A fêmea faz a postura de seus ovos no interior do ovo de seu hospedeiro (lagarta). A larva nasce e se alimenta do conteúdo do ovo do hospedeiro. Todo o ciclo do parasitoide se passa no interior do ovo da praga. Deste, sai a vespa adulta que, de imediato, inicia o processo de busca de uma nova postura para continuar a propagação da espécie.
|